Acabei de ler um poema de Cândido Arouca, enviado pela minha amiga Paula Gonçalves e que bem que me soube!
Amar no silêncio tem diversas formas e interpretações. A melhor de todas e vou começar pela que mexeu mais comigo, chega quando tudo o que desejávamos chegou. Quando conhecemos o outro, tão bem, que já respiramos o mesmo ar e já sorvemos todas as palavras importantes. Os silêncios instalam-se, mas de forma confortável, segura e tranquilizadora. Pouco haverá mais a dizer, quando tudo foi dito, no tempo e momento certos.
Amar no silêncio sabendo que o outro nunca duvidará do que sentimos e que lhe daremos, mesmo que no silêncio, o que precisa para continuar a sentir-se amado. Amar no silêncio implica muito toque, olhares cúmplices, sorrisos que saram as dores do corpo e abraços que restauram dias mais cinzentos.
Quem não sonhou já ter do seu lado, caminhando com passos certos e acertados, quem saiba de nós como nós mesmos? Quem nos encontre de cada vez que arriscamos perder-nos e quem nos salve dos muitos infernos para os quais nos atiram, vez sim e vez também? Quem não deseja, com muita determinação e força, acabar os dias junto de quem disse, falou, respondeu e perguntou, sempre que pôde, até que deixar de fazê-lo fosse apenas uma melhoria e não um retrocesso?
Comecei pelo bom, mas vou deambular pelo pior dos males, sobretudo para mim, mulher das palavras. Os silêncios! Quando são impostos. Quando não dizem o que precisamos de ouvir. Quando carregam para o outro lado de nós, quem queríamos por perto, magoam mais que palavras amargas.
Amar no silêncio pela impossibilidade de amar mesmo, pelo afastamento e pela recusa do outro em se dar, dói, rasga, corrói e mata de mil mortes não identificadas ainda.
O que eu sei. O que eu quero. O que eu exijo, sobretudo de mim, é terminar os meus dias ao lado de quem me saiba amar assim, com todas as palavras que os silêncios bons carregam. Não aceito nada menos do que isto!
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