Ultimamente, nada do que gosto de fazer, é feito. Ultimamente, nem as canções de amor me fazem amar mais, ou sequer menos, até porque deixei de as ouvir. Ultimamente, sorrir é o que não me apetece, porque deixaste de me apetecer, e estar assim, como sempre fui, passou a importar tão pouco!
Cantar, dançar, caminhar, ultimamente não está em nada do que estava até mesmo quando sofria de dores reais.
Como pode alguém, quebrar-nos desta forma, até quando sabemos que não podemos viver vidas que não nos pertencem? Como podemos aceitar que nos guiem e que nos levem para onde jamais seremos felizes? Como paramos de ser e de pensar, quando nem mesmo o tempo o faz, até quando o tempo seria tão urgente para tantos?
Não sinto vontade sequer de companhia. Não quero que me falem, que me digam o que já nem oiço, porque ouvir seria aceitar que te perdi, que foste para onde não poderás voltar, porque o decidimos assim. Quando te larguei as mãos e aceitei nunca me teres aceite. Quando escolheste o mais fácil, o que não te daria o trabalho que os amores sempre acabam a dar. Não sinto vontade, já não, de recomeçar, de olhar e ver outro que não quem tinha finalmente recebido. Não sinto vontade de assegurar, aos que me seguem incrédulos, que ficarei melhor e que saberei como recuperar de ti.
Desde que te deixei ir, parei até de murmurar as canções que me entravam dentro e me renovavam nos dias cinzentos, agora todos eles o são, até quando o sol brilha e quase me cega com a mesma intensidade com que parece escurecer-me o coração. Não quero viver sem ti, mas ultimamente já não peço, apenas deixo que a vida siga, porque eventualmente e quando o que quase me enlouquece passar, saberei o que fazer, mas agora quero apenas não querer...
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