A Rita está numa relação que vai e vem num começar e terminar constantes. Não sabe como a dirigir, não consegue apenas ir recebendo e sente que em todas as etapas também não consegue dar o que basta. Não ter qualquer poder para parar ou sequer desistir, tem-lhe provado que não poderá saber quais os passos que virão a seguir. A Rita é literalmente manipulada, sabe-o e permite. Porquê? Em nome do quê? Talvez daquilo que ela acredita ser o que precisa, e ultimamente parece precisar de muito pouco. Basta-lhe a voz do Paulo nos telefonemas dos quais retira pouco sumo, porque nunca diz nada que o faça reconhecê-la ou aceitá-la. Recusa que se apelidem de namorados. Nunca a identifica perante nenhum dos poucos amigos comuns. Vivem num submundo e aceitam num pacto mudo o que apenas um decide.
- Continuas a não saber o que ele quer de ti e aceitas?
- Oh amiga, mas eu não funciono sem ele, faz-me tanta falta, fico nua se não o tenho.
- Pois, mas pareces funcionar quase nada com ele, e a verdade é que não o tens e percebo que te
sintas nua, vives rodeada de uma inércia e aceitação cega. Dói-me ver-te assim e não poder fazer
nada.
As relações dos outros e até mesmo as nossas, chegam quando não esperávamos e mantêm-se mesmo quando duvidamos e por vezes terminam a parecer que nunca aconteceram. Mas não saberes quem és e o que precisas para te afirmar como a outra parte de duas, vai sempre originar sobreposições, amargos que não se controlam e desejos que nunca passarão disso. Não saberes, é isso mesmo, não teres nada que valide o que acreditas estar a acontecer. Não saberes quem és, é recusares-te e mesmo assim continuares. Não saberes é morreres a cada dia mais um dia!
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