Quando nos enganamos, achando que queremos o que nunca seremos capazes de dar, acabamos a mentir ao outro, a quem começou por acreditar que seríamos nós, no "sempre" possível. Quando nos mentimos e até seremos capazes de o fazer durante algum tempo, fazemo-lo até que venha o tempo certo, aquele em que veremos para além da neblina e perceberemos que não somos talhados para continuar...
Querer muito, desejando quem parecia ser certo para nós, não é errado, o que transformamos em erro é o sabermos como sabemos tudo o que nos diz respeito, que não somos fortes o bastante para permanecer ao lado de quem nos recebeu e até ficou. Não sei o que é mais triste, se a mentira deliberada, a que usa e abusa de quem apenas ama sem condições, numa entrega tão natural quanto é respirar, se a mentira que camuflamos, esperando que o dia seguinte seja mais radioso e menos real. Quando não conseguimos conversar connosco de forma honesta e determinada, dificilmente seremos capazes de o fazer com o outro.
Já senti, na boca, no corpo e na alma, o sabor amargo da mentira, a que foram capazes de usar para me usarem e convencerem. Já fui enganada, sim, mas apenas porque decidi desviar o olhar e ignorar os sinais. Já me mentiram e magoaram numa dor que julguei não ser capaz de suportar, mas acabei a fazê-lo porque percebi que tinha sido eu a mentir-me a mim mesma.
Quando nos mentimos, acabamos apenas a adiar o inadiável. Mas para que possamos sair regenerados, sem muitas mazelas emocionais, apenas teremos que nos focar no que tivemos, pelo tempo que durou, jurando-nos não voltar a acreditar no que há muito sabíamos não existir.
Andar por "aqui" é isto, é aprender!
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