A irreverência física e emocional passa pela necessidade de dizer e parecer o que se é realmente, mesmo que choque e abane mundos pequenos. Até o consigo entender e aceitar, mas teremos que ser nós em todo o percurso, sem nunca nos defraudarmos, sem nos vendermos, ou sequer nos mutarmos para que nos possam olhar de forma diferente!
Estou a tentar lembrar-me dos meus momentos de irreverência e verifico que quase não existiram. Nunca tive a necessidade de "levantar a voz" de ser a que sabia tudo, a que iria não importa onde apenas para não ser formatada. Pensei e repensei sempre no que isso me custaria, no quanto poderia sair mais dorida do que vitoriosa. Fui acertando os passos ao longo do meu crescimento, como o faço ainda hoje e o que ganho será sempre a sensação de que me conheço melhor do que qualquer outra pessoa e que apenas eu poderei saber como e por onde irei de cada vez que o decidir!
A minha irreverência tem sido sempre continuar a ser sempre eu, e mesmo que vos pareça fácil, sê-lo-à para quem não me conhece, mas posso garantir-vos que tem sido o travar de duras batalhas. Sermos nós, não importa o que querem e dizem os outros, acarreta enormes momentos de solidão. Nem sempre nos conseguem acompanhar e a tentativa de nos formatarem está sempre presente.
Sou irreverente não porque tenha decidido destacar-me, mas porque adquiri uma identidade que me define e é com ela que quero fazer o meu percurso nesta vida. Sou irreverente porque apenas eu posso viver o que me cabe e mesmo que exista boa vontade, ninguém o poderá fazer por mim. Não porque não seja possível, mas porque eu não abdico das escolhas, dos olhares, dos toques e dos sabores a que tenho direito. O que é meu, para mim fica. Sou irreverente porque não partilho amores e porque os quero na minha dimensão, nesta, para que usufrua do que me trás e para que passe o que tenho.
Se a minha irreverência te afastou, então não era suposto teres-me conhecido!
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