Perguntam-me, varias vezes, para quem escrevo, se padeço de tudo o que partilho, se tenho mágoas de alma, e se sou assim tão abençoada, por todos os amores que descrevo. E eu respondo, tentando explicar que mesmo sendo eu em cada palavra, muitas delas serão apenas histórias de todos quantos se cruzam comigo e que me enriquecem ao ponto de nunca me esgotar, tendo matéria, amores, dores e arrepios que também me enregelam por dentro. Mas a verdade é que NÃO, nem sempre são histórias minhas. Nem sempre falo de mim, por vezes será apenas para mim, dizendo-me o que preciso de ouvir e mais ninguém consegue.
Tudo o que escrevo não encontra forma de ficar retido, porque se já sou difícil e por vezes intragável, imaginem-me "engasgada", sem poder "gritar" que mesmo quando não for eu, o serei sempre, porque é de toda a vida que me rodeia que me alimento. É de cada um de vocês que me chega cada pensamento, cada lágrima e todos os risos e rasgos de felicidade que a escrita me permite.
Escrevo para quem me quiser ler e para todos os que se conseguirem rever em vidas que serão de alguma forma iguais, com toda a diferença a que os pólos nos obrigam, a latitude, a longitude, o comprimento de onda, o gostar de sal e o ser intolerante à lactose. Eu sou cada um de todos quantos não se conseguem fazer ler, entender e até chorar em conjunto. Eu sou o que escrevo e não vivo sem os sons que provoco.
Obrigada por continuarem desse lado, porque ficarei deste enquanto tiver palavras!
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