Qual a parte de mim que mais gosto? Não sei muito bem o que escolheria em primeiro lugar, porque até que gosto de QUASE tudo em mim, mas a ter que ser, muito provavelmente seriam as mãos. São o motor, de tudo o que faço, gosto de as olhar, de as enfeitar, de as manter como a extensão do que sou. As minhas mãos nunca se fecham, são abertas tal como tudo na minha vida, estão sempre prontas a segurar as que se estendam para mim, e nelas cabe o meu mundo, inteiro, sobretudo quando percebi que com elas cuidava, como ainda faço, dos meus e de todos quantos consigo amar!
Tanto que eu produzo todos os dias. Tanto que faço acontecer e que toco com estas mãos que são tão pequenas quanto é grande a minha capacidade de as preencher.
As mãos tocam, afagam, acariciam faces, corpos e cabelos. As mãos mostram sem palavras o quanto desejamos outra pessoa e até onde podemos ir. As mãos, as minhas, são o meu reflexo e são a minha marca.
Não gesticulo em demasia, controlo cada possível descontrole, gosto de passar, pelas mãos, a minha firmeza, mas também a minha capacidade de me manter pouco exposta, porque não tenho que ser "sonora" para me fazer ouvir.
O que seria de mim sem as mãos que me tranquilizam, quando mais ninguém está suficientemente perto? A minha alma usa-as para que saibam do que falo, o que sinto, como, quando e com quem.
Estou a olhá-las, como não me esqueço de fazer, todos os dias, porque são do formato, do tamanho, e da determinação que me caracteriza. Com elas serei capaz de fazer nascer e de matar. Com elas uso o que aprendi para que possa mudar o meu mundo e o dos que conseguem fazer parte dele. Com as minhas mãos te tocaria agora, da forma que certamente precisarias, para teres a certeza de que nunca se movem em vão, e que a fazê-lo terá sempre que ser no corpo certo, num outro que não o meu, e que com elas serei capaz de nos juntar.
Se entendesses e tocasses a parte de mim que mais gosto, irias saber como te conseguiriam ligar cada botão!
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