Lembras-te do amor que fazíamos, loucos, sedentos e incapazes de nos satisfazermos?
Será que ainda te lembras da sensação que nos assolava quando nos víamos, quando ainda não nos tínhamos completamente, mas já precisávamos de todos os minutos e segundos para sermos felizes?
Eu consigo lembrar-me do frio na barriga. Do prazer de te tocar. Do sabor da tua boca e de como nunca me cansava de ser beijada por ti. Será que ainda te lembras das horas passadas, a dizer tudo e quase nada, apenas por não sabermos como sair um do outro? Os assuntos atropelavam-se. O desejo de nos tocarmos quase que nos enlouquecia e deixava a alucinar. A capacidade de nos magoarmos, pelo medo de sairmos, para sempre, marcados a ferro pelo fim do que mal começáramos, revolvia-nos numa loucura eminente. Será que ainda te lembras das promessas, dos jogos de palavras e das buscas de buracos no amor que ambos dizíamos sentir?
Testámo-nos até à exaustão. Procurámos explicações que sabíamos não terem como existir e mantivemo-nos, saudavelmente loucos, até enlouquecer cada pedaço de ambos os corpos. Mas porque é que me lembrei de ti agora? Simplesmente porque nunca te esqueço e porque o que me deste e tivemos juntos jamais poderá desaparecer, não nesta vida, nem em muitas outras que ainda teremos.
Se o medo de me magoar não fosse tão grande, ainda arriscaria sentir-te de novo. Arriscaria abraçar-te por inteiro, adormecendo ao teu lado, sabendo que acordaria segura e em paz. Se soubesse que ainda te lembras, corria a pedir-te que corresses para mim e me transformasses na mulher que viste quando me olhaste!
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