22.2.17

A carta das cartas!

Old, but gold


Olá apenas,

Decidi começar a escrever as cartas que já não vão parar às mãos de quem são dirigidas, mas que servirão para muitos mais amores igualmente fortes e fracos. Já são umas quantas cartas e cada uma, depois de lida, trouxe-me recordações e levou-me aos lugares onde estava enquanto as escrevia. Vou continuar a usar o que considero ser o bem mais precioso que tenho, as palavras, mas também sei que arrumarei todas as que sobrarem e estiverem a mais. Escrever cartas, todas elas de amores que ficaram ou que se foram, será espalhar um pouco de mim em mim, mas deixando que me leiam enquanto sou apenas eu e sem quaisquer artifícios.

Escrever hoje a carta de todas as cartas que já fui capaz de escrever, relembra-me de mim e do amor que ainda tenho para partilhar e acreditem que é muito. Escrever a carta das cartas não significa que nunca mais escreva outra, apenas serve para que não deixe repousar demasiado, porque quando e de cada vez que o faço, deixo de estar onde realmente posso mudar e ser mudada. Os destinatários poderão não ser os mesmos, mas a intensidade, essa nunca irá variar, porque só sei amar assim, MUITO. Quem se vai identificando e permitindo sonhar, talvez porque não saiba escrever, ou sinta medo de todo o medo que mostrarmo-nos representa, passa-me a certeza de que é este o caminho.

Cartas de amor quem as não tem? Cartas com amores verdadeiros e reais quem não as esperou e recebeu? Cartas perfumadas com um cheiro que apenas nós sentimos, porque é a última coisa que nos abandona. Cartas que dizem tudo, mas que nunca nos bastam e que por isso vão e voltam. Cartas que ficarão para além do tempo que ficaremos nós. Cartas que nos poderão melhorar ou levar o pior de nós, porque quando sentimos demais também queremos demais e esperamos que pelo menos seja igual. A carta das cartas serve para me recordar que já tive quase tudo, mas que o quase não deixou que eu mostrasse o que sou. Nem mesmo a minha capacidade de metralhar sons conseguiu provar quem sou. Nem sequer as noites inteiras de toques e olhares, bastaram para que os espaços entre nós não se alargassem. Nem mesmo todo o amor que larguei em cada uma conseguiu que esta última não fosse escrita.

Outro amor me espera agora e muitas outras palavras terei que usar para que sinta, sem qualquer dúvida que se as recebeu então será ele, no meu momento e pelo tempo que me conseguir manter. Estou outra mulher, uma nova e na dianteira da outra que sempre fui. Estou pronta para mais uma carta para além de todas as outras, querendo que desta vez volte com o que preciso de ler. Estou aqui, outra vez a escrever para ti e é bom que o saibas.

A carta das cartas é esta, a primeira de muitas outras. O meu respeito pela tua capacidade de continuares à espera,

De mim para ti,
S.A.

Sem comentários:

Enviar um comentário