Passei sempre pelos mesmos lugares e até por ti. Fui vendo as mesmas caras e lugares e até a ti. Não procurei o que já me cansava de olhar, mas nunca olhei para ti. Fui passando, muitas vezes sem estar, estando apenas porque teria que ser, caminhar e continuar, mas passei e vi-te.
Não sei o que muda os dias. Não sei porque estamos, por vezes, tão desatentos, mas acabamos, do nada, a ver para além dos que passam anónimos por nós. Não sei porque te vi desta vez e o que te fez diferente ao meu olhar. Não sei porque arrisquei sorrir para o teu sorriso, não controlando a vontade que parecia ser maior do que eu mesma.
Disseste que me vias e esperavas todos os dias, até nos que não ia. Dizes-me, agora, que nunca te moveste demasiado, para não me afugentar. Dizes-me que tinhas todo o tempo do mundo para chegar ao meu, porque sabias que chegaríamos, os dois, um dia, à mesma hora e com a mesma sintonia. Já me disseste tantas coisas que eu até consigo acreditar, talvez porque seja mais simples assim.
Passei à mesma hora e em todas as horas diferentes e nunca te vi. Passei como apenas eu faço, não estando para os que não estão, nem existem para mim. Passei, mas consegui ver-te. O que te tornou diferente hoje? O que fizeste para que eu não continuasse apenas a passar? Que planetas se moveram em conjunto, para que os nossos se alinhassem?
Não sei quantas vezes pediste que te visse, mas consigo saber, com todos os sabores que se enrolam na boca, ao que te soube seres visto por mim. Não sei como te contiveste e como passaste o resto dos dias de cada vez que passava. Não sei muito de ti, mas certamente que teremos tempo agora, até porque já deixámos apenas de passar...
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