Lá venho eu, outra vez, feito um tolo, achando que ainda tenho mais umas quantas palavras para usar. Sou eu que me maltrato, quando, sem pensar muito, maltrato a mulher que amava. Deixei-a ir. Dei-lhe razões para ter TODA a razão para se afastar de mim. Deixei que se instalassem dias tristes, tão cinzentos quanto é o tempo lá fora. Deixei de ter vontade de tudo e de nada. Passei a magoar-me, permitindo que o meu coração apenas veja a branco e preto. Já não sinto o feitiço que as suas gargalhadas me passavam. Sou um ser cansado de mim e de cada vez que me olho, não vejo quem julgava conhecer.
Lá venho eu, outra vez, sem chegar a lugar algum e indo nem sei para onde. Estou com movimentos mecânicos. Estou apagado e dissimulado, porque sorrio para não desatar a chorar. Ouço o que me dizem, mas assimilo tão pouco... Lá venho eu, outra vez, à procura do que já não tenho e à espera de encontrar nem sei o quê, porque ao perdê-la, perdi-me. Lá venho eu, outra vez, sem desculpas que me possam desculpar e sem qualquer fim à vista. Já me cansei de tantas voltas sem respostas e de tantas perguntas que faço a mim mesmo - Onde foi que errei?
Talvez até seja do novo ano que entrou, e com ele a enorme sensação de solidão acompanhada. Talvez seja apenas a minha necessidade de voltar a ter quem me tenha e queira, ou talvez, pior ainda, seja a convicção de que deixei fugir quem mudaria tudo...
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