22.8.18

Quando os nossos olhares se cruzam!

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O teu olhar já vai ficando no meu mais tempo, a cada passo. Já não sabes como me evitar, nem podes, porque estamos em sintonia, mesmo que silenciosa. A tua linguagem não verbal mexe com o meu discernimento e impede-me de ser natural, porque quando estás por perto fico mais longe de mim, torno-me mecânica, a pensar e a repensar cada movimento. O meu olhar é fugidio, mas quando tenho que te olhar, faço-o bem dentro e tu não ficas indiferente, mesmo que te mantenhas aparentemente controlado e algo distante, mas apenas o suficiente para que não te ouça respirar. 

Ainda não sei qual é o teu cheiro, nem se ele se poderá misturar com o meu. Nunca estivemos demasiado próximos, mas sei que ambos sentimos a proximidade que ainda nos vai meter em sarilhos. Ainda não sei se quero, ou se consigo arrojar, mas sei que depois do agora que já está a acontecer, só poderemos continuar. Ainda não sei quem és, o que carregas ou ao que vens, mas já sei que sabemos o que estamos a sentir.

Quando os nossos olhares se cruzam já não és apenas tu, no que fazes e há algum tempo que já deixei de ser apenas eu, aqui, neste lugar que passou a ser mais nosso do que de qualquer um dos outros que nem consigo ver. Quando os nossos olhares se cruzam sinto um friozinho que se alastra e começa a fazer medo, mas que é igualmente bom, por isso sei que vamos continuar a olhar-nos até que um de nós precise de mais do que já temos. 

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