Tanto que agora se usa a frontalidade como capa para a arrogância, má conduta e total desrespeito pelas fronteiras do outro. Ser frontal é sinónimo de verdadeiro, mas a frontalidade não tem que ser agressiva nem intolerante, muito pelo contrário, ser frontal é colocar as palavras com o tom certo para demover comportamentos passivos, inexpressivos ou intoleráveis.
Estamos a navegar em águas novas e contrárias a muitos séculos de comportamentos submissos, mas de repente toda a gente passou a ter opinião sobre tudo e todos, quer saibam ou não do que falam, vomitando partes da bílis (mas que enorme deve ser a de alguns) e deixando transparecer o pior de si mesmos. " Se não tiveres algo de bom para dizer, não digas nada"!
Viver em sociedade acarreta aprendizagens que vêm do berço, da casa, dos exemplos e convenhamos que muitos não saberão como se comportar, o que dizer e quando calar. Quando gostamos de nós e nos respeitamos, não atacamos sem apelo nem agrado quem dificilmente se recupera de tanta gratuitidade. Quando somos emocionalmente crescidos e estamos resolvidos com as nossas escolhas e posição no mundo, o lugar dos outros não colide com o nosso. Quando somos boas pessoas, usamos da frontalidade para realçar o melhor dos outros, elevando-os para que possam desejar mudar e resistir. Quando temos opiniões vincadas acerca dos comportamentos, comportamo-nos como pessoas de bem, usando de generosidade para enriquecer os menos apetrechados.
Sou frontal sempre que digo o que deve ser dito a quem precisa de me ouvir e entender, para que não galgue as barreiras que criei para sobreviver. Sou frontal quando ensino de que forma quero ser tratada, mas nunca sou frontalmente empedernida porque não pretendo viver sozinha. Sou frontal, mas razoável o bastante para aceitar que algumas pessoas nunca irão estar no mesmo patamar. Sou frontal sim, mas nunca arrogante!
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