Quem sou afinal, percebeste?



Quanto tempo precisarias mais para saberes quem sou? O que teria que fazer, para além de tudo o que fiz, para que parasses de me avaliar e apenas usufruísses do que te dei? Quem teria que ser para que conseguisses ser tu mesmo, sem mentiras e sem lugares que apenas existiram na minha mente? Onde foste buscar as forças para me usares e onde encontraste tanta coragem para me dizeres o que afinal até não sentias?

Nunca me conheceste. Nunca chegaste a saber quem era a mulher que acordava ao teu lado, dando-se sem te pedir nada apenas o tempo que desdobrava para que nos tivéssemos em pleno. Nunca percebeste o que te dizia, sem qualquer necessidade de legendas, porque me saía de dentro, era eu toda em cada vontade de te ter enquanto te queria tanto. Nunca saboreaste verdadeiramente a boca que cobrias de beijos, porque certamente não era a mim que beijavas. Nunca agradeceste pelo corpo que estremecia com o teu toque e eram tantos os que o poderiam ter tocado. Nunca confiaste o bastante para te soltares e seres o homem que imaginei, numa fantasia boa, mas apenas até acordar.
Quanto tempo gastas agora a recordar o que foi teu e desperdiçaste? Que partes dos dias que certamente serão bem mais pequenos, reservas à lembrança de quem nunca se esqueceu de ti? Que vontade te arrebata agora de me teres como era, tua, sem imposições nem cobranças? De que palavras ainda te lembras, de todas quantas te disse, sobretudo enquanto tentava que acreditasses que sem mim nunca serias feliz? Quantas vidas já gastaste por não quereres saber o que já sei? Quanto tempo levarás a curar-te do amor que nunca mais sentirás na pele, colado à tua alma e tão reservado para o teu coração? Quanto tempo leva o teu tempo a passar?

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