Porque será que te adiei?



Os planos foram de repente adiados e com eles foram-se os momentos planeados ao mais ínfimo detalhe. O nosso casamento não aconteceu no dia e hora antecipados, enquanto antecipava um dia de sonho, recheado com todos os detalhes vistos e revistos, por mim, sempre por mim que pareço ter colocado a minha vida em pausa para viver um único momento, esperando que fosse um momento único, mas de repente...

Que importância dei afinal a nós e ao que deveríamos querer em conjunto? Quando é que me tornei esta pessoa egocêntrica e egoísta? Para onde virei as prioridades, enquanto deixava de lado todos os momentos que deveríamos continuar a viver?

Já deveria ter aceite que os contos de fadas não são exemplificativos da realidade e simplesmente reconhecer que seremos tudo o que fizermos de nós, e que ninguém deverá carregar o "fardo" da superação de sonhos alheios, porque nunca será atingível.

Onde deixei os votos a respeitar em cada acordar e adormecer? Que mulher passei a ser enquanto deixava passar dias quentes com passeios na praia e o chocolate quente em dias frios, mas nos quais estávamos firmemente juntos? O para sempre não acontece apenas depois da cerimónia, do vestido chorado quando olhado; das inúmeras provas de bolo, mesmo sabendo que gostavas de todos; do orçamento megalómano para as flores cujos nomes desconheces e para o programar do que nem parece ser também para ti. O para sempre começou quando começámos a relação que esqueci por um breve período, mas que agora preciso de resgatar. O para sempre somos nós os dois em cada decisão e não uma meninice que já não se emoldura neste milénio.

- Meu amor?
- Sim pequenina, diz-me o que precisas?
- Preciso que me pegues pela mão e me transformes na tua mulher.
- Assim, agora?
- Assim o permitam os registos e me perdoes tu por todas as decisões que não te incluíram, quando afinal tens a única importância que me importa.

Os nossos planos nunca mais voltarão a ser adiados, não para que me arrisque a esquecer do que afinal nos trouxe até aqui.

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