1.3.21

Apareceste, e agora?



Apareceste e tudo o que dizia não querer, ou ser capaz de fazer, passou a ser colocado noutra perspetiva.

Quando deixamos de fazer planos que incluam os que poderão chegar numa segunda viagem, focamo-nos apenas no nosso destino e em tudo o que desejamos sozinhos. Quando o sol passa a ser nosso, da forma como o vemos e sentimos sem que sintamos mais nada por outro alguém, a alma carrega-se duma paz que nos entra dentro e depois, depois torna-se MESMO muito difícil partilhá-lo.

Apareceste e o que já era comigo, sem qualquer esforço e esforçando-me apenas em me manter no meu trilho, reavivou alguns medos antigos e retirou do armário todas as armas que já usei antes para me defender.

Quando o nosso corpo já não se recorda de ser tocado. Quando os nossos lábios anseiam por mais do que palavras e se imaginam, outra vez, a receber e a dar os beijos que os mantinham vivos. Quando acordar já não volta a ser igual e adormecer é mais doloroso pela companhia que se antecipa, mas ainda não se tem. Quando as inevitáveis avaliações e comparações se instalam, sabemos que a viagem recomeçou.

Apareceste sem que o tivesse pedido, mas de repente só peço que sejas um pouco mais do que afinal achei já não desejar. 

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