Não te pedi para que esperasses. Não te enchi de falsas esperanças porque também já fui igualmente magoado e esquecido. Não te fiz sentir o inverso do que te tinha reservado, mas não tive como ficar.
Soube sempre que me iria arrepender e que depois de te largar as mãos que seguraram as minhas em vão, nunca mais te voltaria a ter. Soube, demasiado tarde, que me bastaria ter esperado um pouco mais para que todos os meus medos se esfumassem, tal como disseste, mas como fui incapaz de admitir. Soube, de imediato, enquanto olhava para o retrovisor e a tua figura diminuía, que um amor como o teu jamais voltaria, e chorei como os homens aparentemente nunca choram, mas nem as lágrimas me devolveram a paz que ainda busco e que ficou contigo.
Não te voltei a ver, não junto a mim, não de forma a poder tocar-te, mas vejo-te em todas as noites mal dormidas e reencontro-te em todas as manhãs em que me custa levantar. Não te voltei a ouvir e sentir-te passou a ser uma miragem neste mar de água real que nos separa, mas num enorme deserto auto imposto. Não te voltei a esperar como fiz enquanto nos buscávamos e agora apenas espero pelo dia em que o meu coração sossegará com o que não lhe dou e me desculpará pelo que não sou.
Não te pedi para que esperasses por vergonha, mas mataria hoje por mais umas quantas palavras ditas por mim e aceites por ti. Não te pedi para que esperasses e acabei numa espera que me rouba a pouca vida que me restou e na qual te sei feliz, para minha grande infelicidade.
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