O que é que um abraço não cura? Que dores se conseguem manter dentro depois de sentirmos os corações a bater, bem juntos e pelo tempo que o abraço durar? Quanto de nós conseguimos passar quando nos passamos em abraços sentidos, dando ao outro o tempo, o momento e o lugar que passará a ser apenas o que importa, porque tudo o resto deixará de importar?
Quando me abraças a distância esfuma-se, as dúvidas deixam de fazer sentido e o meu corpo reconhece o teu, percebendo que apenas poderás ser tu, por mais que tentemos fugir de nós. Quando o teu abraço chega, envolto no maior sorriso que consegues colocar, colocas nos meus lábios o que terás que beijar para que permaneça, pelo menos pelo tempo que estivermos abraçados. Quando me encaixo, sem qualquer esforço, nos braços que me recebem, sinto o que nem as palavras explicam e deixo que o mundo fique para lá de nós. Juntos, nos abraços que prolongamos para que as almas se reencontrem e falem de todas as vidas em que se encontrem e perdem, mas apenas para que se voltarem a tocar, o tempo pára de correr.
O que é que desejo quando sinto o teu abraço? Que me limpes os medos, afastando, para bem longe, o que nos impediria de estar perto. O que espero que aconteça quando e sempre que te vejo de braços abertos para me receber? Que já saibas o quanto estou em ti e sem vontade que o fim do abraço nos afaste do propósito que nos juntou e que me vejas e sintas como apenas sou para ti, para que nunca me soltes do abraço que seguramente continuará muito para lá do tempo que durar.
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