Somos todos muito diferentes nas semelhanças, mas demasiado parecidos nas inúmeras diferenças que nos destacam, ou afastam uns dos outros. Somos feitos de massas distintas, umas que nos moldam a força e injetam doses cavalares de coragem, mas outras que nos mantêm frágeis e incapazes de reagir quando seria suposto. Somos livros abertos, mas com histórias que poucos conseguem decifrar, e com capas que nos induzem em erro, ou pior ainda, relatam com imagens o que as palavras não parecem ter forma de explicar, mas que me deixam desconfortável, porque sou das que acredita existir sempre uma forma, a certa e a única possível, de nos passarmos ao mundo, bastando que as usemos. Somos fruto de tudo o que decidimos escolher, atempadamente, evitando danos irreparáveis e do que deixámos por escolher e que nos impediria de recuar uns quantos anos, perdendo-os irremediavelmente, porque cada um terá o seu tempo e lugar. Somos todos diferentes, mas é mesmo isso que nos valida.
Não procuro por dias iguais ou previsíveis. Não me entrego apenas ao que já conheço, camuflando o aparente conforto que me causaria, porque preciso de me testar, de me superar e de continuar a querer outras formas e até quem sabe, um novo lugar. Não me reconheço quando me envolvo nos males do mundo, primeiro porque pouco me cabe mudar, mesmo que me mude no processo e depois porque continuo a acreditar que ainda existe MUITO para sentir e viver. Não sou das que desiste facilmente do que me espicaça a compreensão, mas compreendo os que precisam de desistir para que algo de útil ainda lhes sobre. Não me rendo à primeira, não aos desafios, mas é relativamente fácil que me renda aos que me trazem o que já não achava possível e ainda me arrancam sorrisos reais na viagem. Não amo por metades e nunca sinto sem um verdadeiro sentido. Não digo o que diria pouco de mim, por isso me calo algumas vezes, mas faço sempre por dizer o que nunca deixará dúvidas.
Somos todos diferentes e é por isso que me esforço por mostrar o lado que outros seguramente gostariam de ter, assegurando-lhes, ou tentando, que se consigo, então também o conseguirão, bastará que queiram deixar de lado as diferenças, agarrando-se ao que a ser igual, nos aproximará a todos bem mais.
Sem comentários:
Enviar um comentário