13.10.23

Alguém? Ninguém?



Ninguém me ouve. Ninguém sabe o que tenho, penso ou sinto. Ninguém se encontra, nem a meio caminho, dos caminhos que faço. Ninguém, sequer na minha imaginação, imagina do que carrego enquanto pareço carregar um mundo que não assimilo, nem aceito. Ninguém ouve as lágrimas que jorram livres e sem que segure o soluçar e desespero, mas que nunca se estende para que não assuste ou afugente os mais frágeis. Ninguém parece querer saber de ninguém e talvez até seja mais fácil, mas é seguramente vazio e perigoso. Ninguém me ouve, mesmo que o peça e pedir nunca deveria ser necessário. Ninguém entende do que falo, porque falar carrega mais do que sons e porque por vezes o silêncio diz bem mais. Ninguém trauteia as minhas canções, nem dança ao meu ritmo. Ninguém me ouve, talvez porque ouvir lhes reviraria o norte e tornaria ainda mais inseguros. Ninguém me ouve hoje, tal como ninguém ouviu antes e por isso deixei de falar de mim.

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