Se até o príncipe da Cinderela mandou o empregado para se certificar da autenticidade da "sua amada", o que esperar de todos os outros "príncipes"?
Ninguém parece querer mexer-se o bastante para que as ações pequenas bastem, porque a soma será sempre de todas as frações. Dá-se, como se de uma esmola se tratasse, o que deveria ser naturalmente oferecido e admirado. Pede-se em demasia e espera-se pelo que se é incapaz de fazer. Compara-se situações passadas e pessoas que passaram, muito provavelmente da pior maneira, desprimorando as que se atrevem a chegar.
Sou uma mulher feliz por ter vivido amores grandes nos momentos certos. Sou ainda mais consciente do que o amor significa e é por esse motivo que sei nunca mais o ter voltado a sentir. Sou demasiado exigente, primeiro comigo, mas é exatamente assim que pretendo ser com os outros, porque ou estão inteiros, ou apenas restarão uns quantos pedaços, até que se esfumem por completo.
Já ninguém faz planos. Agora, no novo modelo de amor mal articulado, articulam-se umas quantas palavras vãs, para complementar, de alguma forma, a necessidade sôfrega de toque e de olhares que nada carregam. Já ninguém sabe porque motivo quer alguém. Está-se e permanece-se até à lua seguinte, ansiando demasiado por ela, mas sem saborear a que está. Já ninguém diz a verdade e a ser verdadeiramente realista, se o fizessem afungentar-se-iam até a si próprios. Mente-se, esconde-se e espera-se, na penumbra, pela verdade escancarada do outro. Já ninguém se alimenta do amor, talvez porque nas veias apenas corram mágoas irreparáveis. Já ninguém quer saber de ninguém!
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