Deixa-me...



Deixa-me ser da minha maneira, pelo menos uma vez. Deixa-me encher de egoísmo o que sempre foi amor e cuidado, mas misturado com todo o carinho que apenas devoto aos que me importam. Deixa-me, permite-me, ficar do lado certo de mim e do único mundo que tenho e do qual te recusaste a fazer parte. Deixa-me chorar por cada falha e insucesso, porque falhei aceitar que não me conseguirias ver à primeira. Deixa-me embrulhar os ciúmes que sinto de quem te teve como nunca terei, num papel minimamente brilhante e bonito. Deixa-me, porque não soube como me evitar, evitar-me agora a dor de viver um amor que nunca foi à minha medida.

Sou a que luta sempre e para sempre, se achar que valerá a pena e que no final seremos dois a ganhar. Tenho muito mais do que vou dando, em pequenas doses para não assustar, mas assustando-me sempre com a incapacidade de não ter de volta o que ofereço, sem esforço nem pesos. Venho dum lugar emocional que já me assegurou, muito lá atrás, que não deveremos manobrar as emoções, sob risco de acabarmos desprovidos de sentimentos genuínos, por isso dou sempre tudo, mas exigindo que o tudo me seja devolvido. 

Deixa-me deixar para lá o que nunca tiveste intenção de dar, porque já não terei como incluir o que nunca fez parte de nenhuma parte de nós. Deixa-me desistir de sonhar e não me peças para continuar a acreditar, porque a verdade é que deixaste o tempo passar. Deixa-me ir, para lá, quiçá para o mesmo lugar de onde acreditei poder-te tirar e simplesmente descansar.

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