Estar presa a ti deixou-me numa prisão emocional da qual tive que saber sair, para que a alma não saísse de mim. Estar contigo sentindo que nunca estavas verdadeiramente, apenas seviu para me encher das dúvidas que carrego ainda hoje e que já ameaçaram colar-se para sempre. Estar no mesmo tempo e momento, mas sabendo que não era apenas eu, foi afastando o desejo de alguma vez acontecer o que na verdade nunca deveria ter acontecido. Estar presa na ilusão de ter a mesma importância que me atribuo, foi-me desgastando e desesperando pela tua impossibilidade e falta de vontade. Estar contigo no pensamento, mais de metade do meu tempo útil, mas sabendo, porque o sentia e previa, que não era em mim que pensavas, lavou, com uma espécie de lixívia emocional, qualquer desejo de futuro.
Tanto que ainda poderia dizer, mas estaria tão somente a repetir-me, repetindo o mesmo ciclo em que me coloquei. Tantas dores desnecessárias e tão pouco prazer a compensar, que a única recompensa possível e merecida, foi oferecer-me a carta de alforria. Tantos amores desperdiçados pelas mãos dos que se afastam, por escolha, do que poderia e deveria ser genuíno, que os certos acabam inevitavelmente por se afastar. Tanto desperdício!
Estar presa ao passado foi arruinando o presente no qual sempre vivi, porque é apenas isso que tenho para poder continuar. Estar presa à vontade de te manter, sem te aprisionar, manteve-me refém de mim mesma e levou, sem retorno, mas com muitas lágrimas, a capacidade de sorrir sem medos. Estar presa ao nós que acreditei poder existir, resumiu a minha existência a muitas mãos cheias de nada. Estar presa, para mim que sou totalmente livre, apenas serviu para me afastar do amor que ainda não consegui sentir, mas que seguramente estará a caminho, se ao menos me permitir continuar a acreditar.
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