Sinto uma enorme e estranha saudade de toda a saudade que seguramente sentiria de ti, se ao menos tivesse boas lembranças de nós!
Sei exatamente o que estaria a pensar, se pensar em ti fosse bom e me enchesse dos sentimentos genuínos que gostaria de ter tido de ti. Sei para onde estaria a olhar e que escolhas teria feito, considerando-te em cada uma. Sei quantas vezes sorriria à inevitável coleção de memórias que já teria armazenado. Sei que a minha vida seguiria num outro rumo, não sempre contigo, mas certamente que para sempre contigo. Sei quantas vezes te diria o quanto te amo, se amar-te fosse simples e recíproco. Sei que me saberia bem acreditar em nós, mas a verdade é que continuo a ser apenas eu.
Sinto alguma inveja, saudável, de sentir verdadeiramente saudades de ti, porque isso significaria já ter o que na verdade continuo sem ter hoje.
Sei que fui forçada a render-me, talvez porque a luta tenha sido demasiado solitária, mas também sei que sozinha sou bem mais eu, duplamente segura, determinada e capaz. Sei que os meus sonhos ainda te contemplam, mas que até neles te vais esbatendo, dando lugar a um rosto que ainda não identifico, mas que já me espera Sei mais sobre quem fui para ti, mas também sei quem nunca consegui que fosses.
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