A solidão acompanhada. Estar sem que estejamos verdadeiramente com quem aparenta estar connosco. A sensação intensa de vazio que ainda assim não tem como esvaziar um coração que escolheu encher-se de ilusões. A solidão que nos magoa bem mais, por estarmos a ouvir dos lábios de quem parecia beijar os nossos com amor, palavras vãs, vazias de sentimento e incapazes de nos tocar, mesmo que ao de leve. Sentir que apenas os nossos sentimentos entram na equação e que por isso o resultado final será sempre o de perda. Tocar com a intensidade que nunca nos chega, até quando fingem muito e aparentemente bem, mas nunca o bastante para que a pele se arrepie com prazer natural. Ser sozinho, o único e o que se mantém à tona, mesmo que respirar já não nos mantenha "vivos".
Amores que sabem a desamores empedrenidos. Emoções que já nem sequer emocionam as partes envolvidas. Mentiras que ouvimos e que nos contamos, uma e outra vez, acreditando que um dia, talvez por um passe de mágica, se transformem na verdade que procuramos.
O que pode existir de mais solitário do que o estar nunca estando? Do que se alimentarão os que não conseguem deixar fluir qualquer alimento da alma? Quanto será que lhes custa fingir, quando nem sequer conseguem enganar? De quanto mais vazio precisarão para que se consigam encher de felicidade?
A solidão que cada vez acompanha mais pessoas, está a remeter todas as outras para o lugar do qual muito dificilemente irão querer sair. A solidão que nos vai deixando a todos ainda mais sozinhos e irremediavelmente mal-amados.
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