O que nos fazemos. O que nos permitimos e quem somos para nós, terá o efeito que nos passarmos.
Cada escolha e todos os olhares para o lado. O desistir de calores intensos, ou de primaveras antecipadas. Tudo o que fazemos por nós, ou esquecendo-nos, deixando-nos para amanhã, terá o efeito que nos passarmos.
De cada vez que morremos um pouco, sabemos que acabaremos a reviver num outro lugar, num formato novo, talvez não o melhor, mas o possível. De cada vez que nos permitimos seguir, ir andando, olhando sem ver, mas acabando por sentir o efeito que tudo sempre terá, sabemos que estamos e que continuamos, mudados, mas "aqui", de onde não se foge, não da vida.
O efeito que temos, nós mesmos em nós, é o que precisamos de sentir para sabermos no que nos transformámos!
Sou elemento ar, mas o mar transforma-me e restaura-me, por isso sei que ainda acabarei os meus dias de pés na areia, a sentir as ondas tocarem-me como ninguém consegue.
Junto ao mar, não importa a estação do ano, passo a ser de um formato novo, renovado e amplio todas as minhas características, sobretudo a serenidade, aquela que uso para poder criar. Nada como o bater suave e descompassado das ondas para me ligar cada botão. Nada como o poder olhar, por tempo indeterminado para o infinito, sentindo que nada termina, nunca apenas se renova. Nada como não precisar de falar, sentindo com intensidade cada som que o resto do mundo não passa. Nada como não precisar de mais nada para ser feliz.
Todos nós conhecemos os cheiros que nos chegam da imensidão de azuis e verdes. Todos nós já sentimos e percebemos a paz que se instala quando estamos próximos de mais um dos mistérios do mundo. Todos nós já desejámos não precisar de desejar viver próximo de uma tamanha fonte de energia. Todos nós já fomos felizes com os pés no mar, no sal, no movimento e na vida que parece restaurar-se apenas pela proximidade.
Estou a precisar de mar, de quietude, de mim sem mais ninguém por perto. Estou a precisar de renascer e de me restaurar para continuar!
Nunca deveríamos aceitar apenas as palavras, dando-lhes a importância que apenas terão quando acompanhadas por acções. Não é apenas o que te dizem que conta, é a forma como te demonstram ser aquilo que TANTO disseram sentir.
As acções valem bem mais do que as palavras, essas leva-as o vento e acabam inevitavelmente a esfumar-se quando se perder a consistência, o desejo e a capacidade de se amar sem cobranças. O ser humano é demasiado elaborado, complexo nas adversidades e muito terra-a-terra quando não encontra correspondência para o que vê e sente. As pessoas vão-se desiludindo a si mesmas, talvez porque se vejam numa encruzilhada de cada vez que arriscam querer outras pessoas. Algumas, e acredito que até já a grande maioria, quer porque sim, deseja porque sabe bem, mas vira costas mal se sente incapaz de ouvir, de perguntar e de entender as respostas.
Não é apenas o que te dizem que conta, não sempre. O que te fazem sentir é que diferencia uns de outros e a verdade da mentira. Desilusões iremos todos ter. Borradas mentais também. MAS, e este MAS é maiúsculo, deveremos ser capazes de reavaliar e desistir em tempo, porque pelo menos estaremos a dar a possibilidade ao outro de se regenerar sem grandes mazelas.
O amo-te vale o que vale quando dito, mas de cada vez que é sentido, transforma-nos na pessoa que precisamos de ser para ficarmos.
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.