Pediram-me que escrevesse sobre o lado positivo de se estar só, de se ser apenas um a comandar o barco. Acedi, claro, mas na condição de o fazer baseada apenas na minha perspectiva e dando uma achega ao lado negativo, porque na verdade ele também existe.
Estarmos sem parceiro é uma escolha e deve ser consciente, pesando todos os prós e contras e eles são invariavelmente muitos. O que é natural é procurarmos, encontrarmos e mantermos a nossa outra metade. O que está certo e faz sentido, é termos do nosso lado quem colmate as nossas falhas, acrescentando o que não sabemos fazer e apagando os momentos que chegam sem que os dominemos. Por dois será por norma mais fácil. Quando sermos dois se torna impossível de suportar, regressar ao eu torna-se necessário para a sanidade mental e para o restaurar de almas cansadas. O primeiro passo é o arrumar do passado, perdoando-se. Aceitar que não somos perfeitos e que por vezes falhamos ver o óbvio, contribui para um continuar mais tranquilo. Depois da decisão tomada mentalmente, há que a saber verbalizar parando de adiar. Temos que ser capazes de enfrentar quem muito provavelmente se vai opor por não estar preparado, por se ter apropriado do que nunca lhe pertenceu, ou por puro medo de recomeçar. Quando a porta que sempre usámos para entrar e repousar do mundo se fechar na direcção contrária, para a saída, teremos que usar de toda a força que somos feitos e encarar os dias, os mais difíceis e quase insuportáveis, que chegarão muitas vezes, mas com o tempo, a paz conquistada e a certeza de que estamos certos acabará por se instalar e depois há que lutar com o mundo sozinhos e mais expostos.
Estar sozinho, sobretudo quando se é mulher, obriga a uma cautela acrescida, a um recato que nos deixe pensar e repensar o que não correu bem. Se juntarmos a tudo isto o sermos mães, o que é pequeno amplia-se e o esforço que até já era enorme antes, agiganta-se e por vezes ameaça engolir-nos. O depois e o passar do período negro compensa tudo. Sermos nós a comandar, a decidir, a deitar a cabeça de forma tranquila, mesmo que exista muito por resolver, carrega-nos as baterias para mais. Não vou falar das trivialidades, do comando da televisão, dos banhos prolongados, das saídas à meia-noite para acudir a uma amiga, sem perguntas e cobranças. Não vou referir o dançar nua e o rir à gargalhada sem olhares desaprovadores, porque tudo isso é perceptível. O que quero referir é que estar sozinha deve ser uma preparação, uma formação contínua para o momento em que o deixaremos de estar. Estar sozinha será tão bom quanto conseguirmos manter-nos a sonhar pelo dia em que alguém chegará e ficará connosco, repondo o que se perdeu. Não o façam por terem desistido de ser feliz, encarem o agora como um depois melhor e procurem sempre, até encontrarem, quem mude o que já conquistaram.
Desejo-vos muitas horas de colo, de risos, de afagar dos cabelo e de beijos genuínos. Espero que morram de um amor que não vos abandone e que vos prove que se ficaram sozinhos, algures no tempo, é porque se estavam a preparar para serem finalmente dois. Isto é tudo o que sei e até reconheço que não sei o bastante ainda, mas espero ter ajudado!
Puxa, isto de sermos humanos, de pensarmos e sentirmos é mesmo difícil e ponho ênfase no MESMO.
A negatividade atrasa tudo e impede até o simples. Quando nos sentimos negativos e mal amados, tendemos a deixar que o outro seja o culpado do que não conseguimos ser ou fazer. A vida é uma avaliação constante e devemos tirar nem que sejam uns escassos minutos, para percebermos no que pensamos e fazemos de forma menos positiva. Precisamos de conseguir aceitar que também nos cabe a "culpa" pelo que não vemos acontecer. Se formos mais negativos e julgadores, acabaremos a erguer muros ainda mais altos, julgando quando não temos o direito de o fazer.
No final, depois de tudo visto e revisto, acabamos a perceber que NADA TEM A VER COM AOUTRA PESSOA, somos nós que passamos o que queremos sentir, por norma de forma errada, por norma sem consciência de que o fazemos, por norma sem nos responsabilizarmos pela nossa parte. No final apenas atraímos o que sentimos. Não adianta sentir medos desmedidos. Não adianta procurar o que não temos forma de conquistar. Não adianta não saber aceitar e perdoar os que não nos conseguem querer como somos e pelo que somos. Da nossa felicidade cuidamos nós. Os outros apenas a poderão vir complementar, passando-nos momentos que deverão ficar e ser mais válidos, porque sozinhos somos apenas isso, sozinhos.
Dar na proporção do que se recebe é um lema, mas não pode ser tão linear, porque se ficarmos à espera de receber para dar, nunca o teremos. CERTO? Lamento, mas nem sempre funciona assim, o tal do Segredo, que mais não é do que um manual de positividade, um bem inestimável para quem procura sempre o difícil, mas é assim mesmo, apenas um indicador de atitudes. Não está certo que recebemos tudo o que damos, porque não raras vezes esbarramos em quem simplesmente não quer receber.
Afaste-se a negatividade e pense-se mais de metade do nosso tempo útil, que vale a pena ser-se positivo e esperar que o sol não queime, mas aqueça. Que a chuva não resfrie, mas refresque e que os amores que chegarem não nos matem, mas nos mantenham a viver. Sorriam, a vida está a filmar-vos para análise futura!
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.