O verso de ti serei eu?
Sue Amado
setembro 11, 2016
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Teremos sempre, mas não me perguntem de que forma, o que fará falta a alguém, encaixando-nos como uma peça desenhada para o efeito no outro, no que chega até nós, muitas vezes pela mão do desconhecido e contra tudo o que já acreditávamos saber. Tudo neste mundo animal vem aos pares e por isso o verso de mim existe e o verso de ti serei eu.
Vou vendo, com alguma tristeza, as lutas que parecem crescer em torno das nossas diferenças de sexos. Agora usa-se a ironia, a acidez, deixamo-nos conduzir por sinais errados e desatamos a generalizar, acusando sempre o outro pela nossa insegurança e infelicidade, mas a verdade é que numa relação terão que ser as duas a ajustarem-se às diferenças, procurando os pontos comuns, os lugares que os deixarão mais confortáveis sendo razoáveis o bastante, para que tudo o que foi ficando de fora se encaixe.
O crescimento emocional é o mais moroso e aparentemente não tem os mesmos ciclos que o físico. Andamos, quase todos, um pouco perdidos, à deriva, tentando agarrar-nos aos pedaços que vão largando os outros, mas que no final apenas servirão para que o frágil barco ande às voltas e jamais se aproxime da segurança da margem.
Sabem o que procuro há já algum tempo? Não é um príncipe montado num "cavalo branco", mas quem tenha conseguido crescer o bastante para saber quem quando me encontrar. Quem me deseje e me conquiste pelo que tenho de conquistável, não se mantendo apenas na pele que conhece, arriscando saber realmente o que me move e até onde. Se encontrar um homem que tenha a metade que me falta. Um que já tenha percebido que comigo nada ficará por dizer ou fazer. Quem não tema a felicidade que a irreverência proporciona, adaptando-se à enorme loucura que será sempre deixar entrar outro ser na nossa vida, arriscando ter o coração partido em inúmeros pedaços, tenho a certeza de que o saberei conduzir para que seja bem mais do que o que encontrei.
Nesta altura da minha vida não receio praticamente nada, apenas nunca conseguir saber ao que sabe encontrar quem nos pertence. Tudo o resto é tão simples e adaptável que apenas basta que se queira e parece que na nossa era querer já é demasiado.