Tenho ciúmes de quem te toca, de quem amas agora, ou de quem sempre amaste. Ciúme de todos quantos te partilham, dos muitos que te ouvem e conseguem ver. Que vontade de deixar de me sentir enlouquecer com a tua falta. Que vontade de dormir sabendo que acordaria em ti. Que vontade de ser e de me manter a tua amante, pelo menos mais esta noite. Matava por pedaços de um tempo que viesse contigo dentro e virias se as minhas dúvidas se dissipassem. Queria não ter que fechar os olhos, imaginando-te com outra nos braços e tendo o que não permites que te dê.
Tenho ciúmes
do homem que consegues ser mesmo sem me teres.Tenho ciúmesde cada contorno dos teus lábios,
porque os meus já não os podem tocar.Tenho
ciúmesde todos osciúmesque já me provocaste, porque enquanto
os sentia estavas aqui.Tenho
ciúmesdo que ainda virás a
ser e a ter, mesmo que o tenha também um dia.
Tenho ciúmesde ti agora e terei quando já
estiveres nos braços de alguém. Saberei e sentirei, porque cada pedaço de
mim morrerá devagarinho e até que não sobre mais nada...
É contigo que passo de triste a animada, onde me refugio e me encontro sempre, renovando-me totalmente, vendo-me por dentro, por fora e reconhecendo-me. Só pode ser contigo que retorno ao que sou e deixo lá fora, nos lugares onde me sugam a alma e me pedem o que nem sempre consigo dar. Contigo a parte sombria de mim esbate-se e toda eu me ilumino. Basta que me toques e o meu corpo reage e faz de mim o ser mais sensual que conheço e do qual não fujo, porque é assim que sou genuína. Fazer amor contigo. Escalar as montanhas que me assustavam antes. Conduzir desenfreada. Correr sem me cansar, com a sensação de poder e de uma resistência infinita, só contigo mesmo.
É contigo, és tu a música, quem me faz tudo, torna-me tudo e mostra a melhor parte de mim. Os meus finais de dia nunca poderão ser de outra forma que não cheios de sons, porque preciso deles para não permanecer sozinha. Uso-os para me inspirar quando escrevo e oiço com atenção a letra de cada uma, porque de alguma forma acabo a aprender qualquer coisa de diferente e novo. É contigo que muitas vezes adormeço depois de tanto pensar e repensar os meus dias. É contigo que sinto fazer mais sentido ser assim. É contigo que enriqueço o meu outro Universo e que sei que pelo menos tu nunca me deixarás sem sons!
Já se justificava que saíssemos e estivéssemos sem pressas a conversar sobre o que se vem passando connosco. Ambos percebêramos já que seríamos, já o éramos, bem mais do que amigos. Falamos como duas gajas, de tudo, sobre tudo o que desejamos, pensamos, olhamos e queremos. Nem nos desculpamos quando supostamente, estaremos a cruzar o limite permitido entre dois seres de sexos diferentes. Há coisas que uma mulher não confidencia a um amigo, e eu sei que te vi muitas vezes apertar as pernas com força. Ahaha!
- Porra mulher, não precisas de ser tão específica, sou homem lembras-te?
Eu dava sonoras gargalhadas, divertida com o teu embaraço. Com que então o sexo forte, pois pois…
Fomos no teu carro, com a desculpa de que o havias comprado nessa semana, lindo, adoro os BMW, sobretudo pretos. Cheirava a novo e nele sobressaía o teu perfume, másculo, quente, que me entrava nas narinas. Parámos no estacionamento subterrâneo de uma superfície comercial, onde iríamos beber um café, mas já não passámos dali. Logo que estacionaste, quase sem tempo para por o carro em segurança, debruçaste-te sobre mim e agarrando-me ambas as faces, deste-me o beijo mais quente e apaixonado que sentira nos últimos tempos. Quantos? Bom, adiante…
Não foi preciso falar, apenas sentimos, gememos de prazer, fizemos amor emocional, em sintonia com tudo o que já sabíamos um do outro. As peças encaixaram-se, o cérebro recordou tudo o que disséramos e contáramos sobre nós, das nossas vontades, sonhos e desejos mais incríveis e no entanto possíveis de se concretizarem. Fomos apenas nós, sem capas nem fugas, simplesmente porque não existe pedaço de mim que não conheças já, nem sonhos teus que eu não acompanhe e deseje ver concretizados. Todas aquelas horas infindáveis de conversas abertas, sequiosas de retorno, carinhos e até de choros e lamentos, fizeram de nós um casal para ficar. És a outra metade de uma vida que quero preenchida e real.
Esta é a carta que nunca quis escrever, mas a haver destinatário então que ele pudesse realmente entender tudo sem que tivesse que "cuspir" fogo, ser amarga ou amargurada, apenas sendo como sou em todos os percursos da minha vida. Nunca duvidei da tua capacidade de me amares, mas percebi que a tua velocidade me iria deixar parada, a querer cada vez menos, a habituar-me ao pouco, a aceitar que não poderia vir de outra forma e isso meu querido, prometi que jamais me voltaria a fazer. Na verdade tudo passa por mim, o poder de decisão, a sabedoria em relação ao que me faz bem ou mal, até porque já são demasiados quilómetros de tempo em mim e comigo.
Nunca duvidei de que até quisesses mais, que os teus sonhos se cruzassem com os meus e que nos vislumbrasses numa felicidade que nunca conheceste, mas sonhar apenas será bom se passar a ser real, de contrário não passará disso mesmo e eu realizo os meus, tiro-os da lista e sigo para os seguintes. Nunca duvidei de que conseguisses ser o homem que preciso, daí ter insistido e ter-te amado da forma que sentiste, mas fui mais eu do que tu. Vou apenas lamentar que não estivesses pronto e que a tua forma de ver o mundo não fosse suficientemente realista. Não para alguém da tua idade. Não para quem já viu e sentiu tanto. Não para quem deveria saber que o final está muito mais próximo do que o princípio e que DEVEREMOS levar o melhor de nós e de quem nos conseguir amar.
Quem sabe não nos voltamos a cruzar, não em 10 anos, mas numa outra vida e nos conseguimos encaixar. Quem sabe não encontras forma de estenderes a tua felicidade, porque é isso que quero que te aconteça, que continues a ser tão feliz quanto o sou, porque estou como antes, em paz comigo e a saber que afinal sei amar da forma certa.
Teremos sempre, mas não me perguntem de que forma, o que fará falta a alguém, encaixando-nos como uma peça desenhada para o efeito no outro, no que chega até nós, muitas vezes pela mão do desconhecido e contra tudo o que já acreditávamos saber. Tudo neste mundo animal vem aos pares e por isso o verso de mim existe e o verso de ti serei eu.
Vou vendo, com alguma tristeza, as lutas que parecem crescer em torno das nossas diferenças de sexos. Agora usa-se a ironia, a acidez, deixamo-nos conduzir por sinais errados e desatamos a generalizar, acusando sempre o outro pela nossa insegurança e infelicidade, mas a verdade é que numa relação terão que ser as duas a ajustarem-se às diferenças, procurando os pontos comuns, os lugares que os deixarão mais confortáveis sendo razoáveis o bastante, para que tudo o que foi ficando de fora se encaixe.
O crescimento emocional é o mais moroso e aparentemente não tem os mesmos ciclos que o físico. Andamos, quase todos, um pouco perdidos, à deriva, tentando agarrar-nos aos pedaços que vão largando os outros, mas que no final apenas servirão para que o frágil barco ande às voltas e jamais se aproxime da segurança da margem.
Sabem o que procuro há já algum tempo? Não é um príncipe montado num "cavalo branco", mas quem tenha conseguido crescer o bastante para saber quem quando me encontrar. Quem me deseje e me conquiste pelo que tenho de conquistável, não se mantendo apenas na pele que conhece, arriscando saber realmente o que me move e até onde. Se encontrar um homem que tenha a metade que me falta. Um que já tenha percebido que comigo nada ficará por dizer ou fazer. Quem não tema a felicidade que a irreverência proporciona, adaptando-se à enorme loucura que será sempre deixar entrar outro ser na nossa vida, arriscando ter o coração partido em inúmeros pedaços, tenho a certeza de que o saberei conduzir para que seja bem mais do que o que encontrei.
Nesta altura da minha vida não receio praticamente nada, apenas nunca conseguir saber ao que sabe encontrar quem nos pertence. Tudo o resto é tão simples e adaptável que apenas basta que se queira e parece que na nossa era querer já é demasiado.
Como será o tal e como o saberemos? Não faço ideia de como acontece, quando e porquê, mas o tal parece ser quem todos nós procuramos, falta-me apenas saber o que isso significa!
Temos que nos manter fiéis ao que esperamos de outra pessoa, certo? Há quem discorde de forma veemente, achando que com a idade devemos parar de ter manias, e aceitar o que "cair" para não acabarmos sozinhos. A SÉRIO?
Discordo, CLARO, se até o palato apuramos com a idade, e passamos a apreciar vinho de qualidade, quando anteriormente apenas servia para temperar comida, porque carga de água nos deveremos contentar com amostras de gente? Pois, não faz qualquer sentido, porque num futuro muito próximo, se não for a pessoa certa, não teremos como a manter, ou talvez até o façamos. Na verdade existem por aí uns quantos campeões de resistência à enorme idiotice que é, estar ao lado de quem não ocupa nenhum espaço da forma certa. Há quem goste de sofrer e de saber que sofre, mas esses serão os casos perdidos.
Quem é o meu "tal", então? És tu, sem qualquer sombra de dúvida, precisas apenas de algum polimento, de que te convença que tens bem mais do que o que vês, e de te dar a possibilidade de provares de uma relação verdadeira, a que faz sentido a todas as horas do dia, a que te leva a correr até maratonas sem qualquer treino antecipado, a que te faz sentir ainda mais forte e bonito, começando pelo interior que eu já consegui ler. É a ti que eu quero e vou-te ter, já o disse.
O tal. - Quando o vires saberás - Excelente conselho, não resulta é para todos, por isso cuidado não se distariam, pode-vos bem custar umas quantas penalidades!
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.