Por vezes esqueço-me, ou faço por não me lembrar que sou mulher, mas vão com calma e sem confusões. esqueço-me que para estar neste mundo tão dúbio, movido a não sei muito bem o quê, porque espera de nós sempre a perfeição, tenho que vestir saias e calças. Tenho que ter pelo na venta, mas retirar os que são dispensáveis e pouco agradáveis à vista. Pedem-me, tal como a tantas outras, que produza muito e bem, que esteja sempre em alta, de cabelos no lugar, unhas a condizer com a roupa, pintura leve, mas que se destaque. Pedem-me que trabalhe 24 horas se preciso for, cuidando de todos à minha volta e nunca me descurando. Pedem-me, mesmo que subtilmente, que nunca aparente a idade que o meu bilhete de identidade regista, que esteja fresca, bela e sorridente, quando por vezes me apetece cair para o lado e morrer umas horas.
Tenho a certeza que se pensasse mesmo a sério sobre o assunto, me cansaria até de respirar, porque não há quem aguente estar sempre em cima, parecer e ser a melhor. Não faz bem correr a toda a hora, ter que estar primeiro quando os outros se arrojam. Ganhar menos e trabalhar bem mais.
Continuo a aprender a melhor forma de me enquadrar sem me perder pelo caminho, sou mulher e por isso nunca vou desistir de sorrir como forma de me restaurar e acreditar que farei a diferença, que estou aqui porque é preciso e que a única forma de ser bem-sucedida é neste género, o feminino, o meu, nesta encarnação pelo menos!
Estava a ouvir no carro a lendária música da Whitney Houston, "I will always love you" e inevitavelmente pensei em ti. Bem, na verdade apenas vieste mais rapidamente à ideia porque nunca sais dos meus pensamentos, nem de mim, apenas saíste da minha vida e das minhas escolhas. Vai-me restando o consolo, algum, o de saber que não sou nem serei a única pessoa que ama e amou sem retorno. As pessoas por vezes não se reconhecem e é tão somente isso!
Metade de mim grita-me que deveria ter lutado por ti, que te deveria ter arrancado do marasmo emocional em que sempre viveste, mas não me quis impor demasiado. Quis-te por inteiro. Quis ser a tua primeira escolha e não entendi a tua incapacidade de decidir, de lutar e de te entregares a um amor maior do que a tua compreensão. Assustei-te, deixei-te desarmado perante o "fogo" da minha vontade de ti. Acredita que nem eu mesma me sabia capaz de amar assim, com esta intensidade. Foste a minha descoberta, a minha revelação, a minha outra metade, o que mais desejei sem ter procurado e o que acabei a não ter.
"I will always love you", já é um facto e já não dói, mas corrói. Não dói, mas impede-me de continuar e de desejar um outro amor que me sei capaz de dar. Eu também espero e desejo que a vida te trate bem e que tenhas tudo o que desejas, mas que te dê sobretudo Amor, um Amor que te permita entender o que sempre senti por ti, que te ensine algo sobre o querer, o desejar e o ter do outro lado quem importa mais do que nós mesmos.
Eu sei que é por te amar sempre e desta forma, que desejo, sinceramente, que possas, um dia, vir a sentir a melhor sensação do mundo, a que tudo faz girar, a que nos dá forças onde por vezes não existem. O amor mudou a minha vida e o meu rumo. O amor mudou-me a mim. Uma vez que já sei que te amarei sempre e para sempre, vou esperar que um dia, ainda na vida que te falta viver, consigas encontrar alguém a quem possas amar como te amam a ti. Eu!
Não deixa de ser engraçado, agora e para mim, quando analiso alguns comportamentos e percebo que estou a anos-luz de muitas almas!
Tanta gente ainda zangada com a vida, transpirando uma arrogância e azedume inexplicáveis. Eu já fui essa gente. Eu já cheguei a destilar impaciências e a exigir que me deixassem em paz, a ser o que sabia ser melhor. Não deixa, realmente, de ser engraçado perceber que não preciso de "gritar" para ser ouvida, é MUITO mais fácil deixar ir, largar da mão e manter-me no meu espaço, disponível para quem quiser usufruir do que tenho.
Engraçado o meu grau de tranquilidade neste momento. Engraçado, como acordo e adormeço tão Zen, talvez exausta pela energia do meu cão. Engraçado como nem metade do que me afligia chega a beliscar-me. Engraçado, como deixei, de vez, de perguntar o que nunca me foi respondido.
Tomei consciência da minha mortalidade. Percebi que as minhas forças irão, eventualmente, falhar. Aceitei que apenas terei o que for capaz de construir no agora e que comigo apenas permanecerão os que me reconhecerem. Larguei as dúvidas, as que pairavam pelo meu excesso de exigência. Estou, finalmente, a usufruir de mim, a entender porque e como me movo e a não correr quando afinal posso caminhar, solta, tranquila e em paz.
Não deixa de ser engraçado perceber o que afinal sempre soube, mas andei a fazer o percurso ao contrário. Levei mais algum tempo, mas finalmente cheguei!
Nos meus olhosconsigo ver para além do que sentes! São os meus olhos que te guiam, estimulam e fazem sentir mais confiante. Quando te sentes mais inquieto, procuras por eles. Os teus ficam pequeninos, gritam pelo meu cuidado e pelo apoio que nunca te recuso. Os meus olhos falam, sempre e as palavras que te devotam são bem mais ricas e completas, porque são da alma, são claras e são de mim para ti.
Foi quando te olhei pela primeira vez, que te apaixonaste. Foi quando te olhei, porque te vi, que conseguiste perceber, para além do normal, que era eu e que seria sempre eu, a mulher que saberia como te cuidar e a que nunca te deixaria sem um sorriso, ou sem um olhar.
Nos meus olhos estão as certezas de que olharei sempre bem dentro dos teus, para te reconhecer, para te entender e continuar a querer como já aprendi a fazer. Nos meus olhos estou eu toda, sem defesas, livre do que pensam os outros e focada apenas em ti. Nos meus olhos, os mesmos para os quais não te cansas de olhar, estão as respostas ao que quer que precises de perguntar.
Deixámos de nos controlar. Passámos a comunicar sem palavras, mas dizendo bem mais do que qualquer uma poderia. Encontrámos um meio e um formato que nos assenta e é nos meus olhos que os teus repousam e te sossegam. Paraste de duvidar e escolheste não ter que esperar. Cheguei, estou aqui e não vou a lugar nenhum, não sem ti e nunca para longe de ti.
Nos meus olhos agora estás sempre e apenas tu. No seu reflexo e em tudo o que escolhem ver, surges como a única opção e sendo o que preciso de ter e de sentir. Nos meus olhos está o tamanho do amor que te tenho e eles não enganam, não a quem os sabe ler!
Quem me dera que a noite nunca tivesse terminado, porque com ela a minha boca esteve de onde nunca quer sair, na tua!
Quem faz sentido e quem nos entra dentro, traz-nos as sensações que valem a pena e que permanecem, mesmo depois de nos termos largado, de corpo, mas nunca de alma. Quem nos muda e consegue trazer-nos de volta ao único lugar em que nos sentimos, INTEIROS, outra vez, tem que ficar, porque de outra forma nada mais fará sentido.
Estar na tua boca é respirar contigo, é sentir o que sentes, trazendo para mim tudo o que é teu. Estar na tua boca, beijando-te como só poderia por te querer, assim. Estar na tua boca e saber que me tens na tua com o mesmo sabor, na mesma intensidade e com todo o desejo que sempre fica para os que arriscam.
Quantas vezes, e por quanto tempo, duas pessoas conseguem fazer mesmo sentido, tendo o que querem ambas e sendo o que conseguem uma para a outra? Quantas vezes as bocas se conseguem encaixar, perfeitas, gostando do sabor, da forma e do formato? Quantas vezes o que se é passa para quem passará a ser?
Deixa-te ficar na minha boca mais tempo por favor. Impede-me de falar e de pensar. Deixa-me apenas ter-te da única forma que sei seres meu. Deixa-me ter o teu beijo até que te peça para parares, até que me doa a boca e se me sequem os lábios.
Ter para sempre a tua boca na minha, seria saber que nunca pensarias em mais nada ou alguém. Ter para sempre a tua boca na minha, faria de mim a TUA mulher, como me vejo e preciso de ser vista. Vem agora e beija-me como sei que consegues, mas depois fica para sempre!
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.