Feel Me

Feelme/Gráficos e medidores de temperatura avariados!Tema:Sentimentos!

Quem é que te disse que terias que aceitar o que te dessem sem contestar?

Feelme/Quando a insanidade dá lugar à naturalidade, naturalmente!Tema:Me!

Tanto que mudei já. Não sabia estar quieta, nem quando a isso era obrigada. O que estava dentro de mim ficava quase que em loucura eminente, se não conseguir dizer, ou passar o que sou, assim que me despertava e era logo cedo!

Vão sempre existir dias em que temos horas marcadas e muitas das vezes para fazermos o que não queríamos, mas nesses dias, acabo munida de outras armas para aguentar, até ao momento em que me possa aproximar da minha terapia, das teclas negras, como negra fica a minha alma se não as puder tocar e é então que respiro fundo e vos passo as minhas palavras.

Estar quieta, antes do agora,  obrigava-me a pensar demasiado. Obriga-me a olhar para as coisas como elas são realmente, sem as poder fantasiar nem camuflar. Estar quieta, a ver gente que me diz tão pouco, que parece existir apenas para ocupar o meu espaço e para testar a minha força, arrepiava-me e mexia comigo de uma forma que me assustava. Não me testem, por favor, desaconselhava sempre, eu tenho uma fonte onde bebo a cada dia, para cada uma das minhas batalhas, por isso não me conseguem quebrar, mesmo que me consigam vergar.

Hoje sou outra mulher, talvez ainda mais determinada, mesmo que não pareça possível. Hoje condescendo mais, largando. Hoje apenas me ocupo de quem se ocupar de mim, todos os outros são de imediato banidos do meu banco de memória. Hoje não corro tanto, mas curiosamente faço bem mais e melhor. Hoje não sinto qualquer insanidade associada à loucura que é a minha vida. Hoje sei que sou fruto do que criei, eu mesma, eu sozinha, enquanto observava sobretudo o que não me interessa.

Quando a insanidade dá lugar à naturalidade, naturalmente, percebemos que já somos da matéria certa!

Feelme/Sabem quenm é esta?Tema:Me!

Sabem quem é esta?

Esta sou eu. Para quem consegue e aguenta, eu sou assim, esta mulher e gosto, caramba cada dia gosto mais!

Existem muitas mais como eu e tal como elas, faço tudo o que desejo ver feito. Cuido de todos e até de mim, porque agora não arrisco estar sem cuidar de mim um dia que seja. Cuidar passa por me embelezar sobretudo emocionalmente, porque tudo o que conseguir fazer, por mim por dentro, será de imediato visível, por fora.

Gosto desta nova sensação de ter o meu próprio tempo e de saber o que preciso para acordar e adormecer a sorrir. Gosto de me conhecer ao ponto de não ir, a um determinado lugar, ou de desatar a correr até chegar a um outro, porque nesse, tudo correrá como planeei. Gosto de poder gostar como me der na real gana, dizendo que não e olhem que digo não bem mais vezes. Gosto de entender como me regenero e onde vou buscar as forças, porque assim nunca permito que me faltem. Gosto de ser objectiva e de poder analisar os outros, avaliando até onde poderei prosseguir, ou aceitando que simplesmente me cabe a mim desistir.

Sou eu, assim, cada vez mais determinada e a fazer o que antes não podia, porque não me deixavam, porque não sabia como, ou porque não tinha força anímica. Nunca fui de desistir, não à primeira, mas faço-o de cada vez que se torne contra produtivo, e em todas as áreas da minha vida.

Dizem-me que passei a assustar ainda mais, que me tornei, totalmente inatingível, que endureci e passei a verbalizar, mesmo, o que sinto, conduzindo verdadeiros inquéritos sobre o que são, o que fazem, o que querem e o que esperam... tudo e tudo e tudo o que necessito para não me iludir, nem sequer perder tempo. Nós somos o produto das nossas experiências e as pessoas é que nos vão ensinando de que forma querem passar a ser tratadas!

Feelme/Eu sei do que é que falo, quando falo de ti!Tema:Relações!

Ninguém parece perceber o que já há muito deixei de explicar. Nós somos duas metades, não do mesmo fruto, ou de qualquer outra parte, mas encaixamos, na perfeição, enquanto for perfeito o que sentimos.

Eu sei do que é que falo, quando falo de ti, porque já te tive antes e lembro-me muito bem. Já deixaste de duvidar e quando olha para mim, como quem não acredita no que lhe calhou, sabes que falo só e apenas a verdade em relação a nós.

A tua calma tranquiliza-me, A tua força permite-me sossegar um pouco e mesmo que nunca deponha as armas, já não as tenho tão em riste. As tuas certezas não me deixam lugar para as dúvidas, e é por ti que consigo seguir ao meu ritmo, sem ter que abrandar porque já me acompanhas.

Sabes o que significa para mim uma relação perfeita?

É aquela em que não precisamos de explicar ou justificar nada. Os silêncios não são pesados, porque carregam o respirar que temos que reconhecer. Os momentos devem ser partilhados, como se falássemos de uma pessoa com 2 corações. Os toques saberão exactamente onde tocar, levando a que o que nos move, liga e excita, seja feito sem esforço e sem perguntas.

Ao que sabem os amores suaves e compassados?

Certamente que sabem a certo, porque apenas terá que ser certo o que nos faz bem.

Eu sei do que é que falo, quando falo de ti, e sinto que para continuar a sentir-te assim, apenas preciso de ser eu. Já tu, tens que continuar a cuidar-me, como sabes, porque eu não quero ser a que sabe tudo e consegue tudo, se o tudo não passar por ti!

Feelme/Não te podia ter falhado assim...Tema:Sentiumentos!

Foste tu que me escolheste. Foi de mim que quiseste conhecer o mundo, mesmo que este que temos todos, cruel, desmedido e implacável. Foi comigo que contaste para te amar e proteger, até quando proteger não parecesse possível. Foi por mim, porque me viste e reconheceste muito antes, que te decidiste por um caminho que não te permiti trilhar.

Não te podia ter falhado assim, logo eu a cuidadora. Não deveria ter permitido que o medo fosse o sentimento mais forte, impedindo-me de sentir o prazer que me passarias, se ao menos pensasse primeiro em ti. Agora sei que vamos sempre e de alguma forma desapontar os outros. Agora tenho as forças que me faltaram quando naquele verão que já nem recordo se foi muito quente, te carreguei por algum tempo, mas não o suficiente. Agora entendo que não usufruí de nenhuma mudança que sofri para te receber, quis apenas que o amanhã chegasse, de forma bem rápida, para que ficasses no meu passado.

Não te podia ter falhado assim e a verdade é que quase 30 anos depois, ainda não fui capaz de superar a tua perda. Hoje caminhei mais sossegada e nostálgica, sem perceber de onde me vieram as memórias de quem nunca conheci, mas que nunca deixará de fazer parte de mim. O depois de ti ficou mais presente, o remorso, a culpa, a dor da minha fraqueza emocional. Consolavam-me dizendo que não estava pronta, não o estaria talvez, mas tu querias que tivesse sido eu me não fui...

Como é que se conserta o que se destrói, irremediavelmente?

Não conserta. Sobrevive-se. Aceita-se. Segue-se em frente, mas uma parte de nós, mesmo que ínfima, abandona-nos o corpo e marca-nos a alma para sempre, porque de algumas dores nunca nos limpamos!

Feelme/Na nossa relação existia uma multidão!Tema:Relações!

Quando não somos apenas eu e tu, a multidão instala-se, opina, intromete-se e arrasta-nos para longe. Quando temos que responder a mais do que a ti e a mim, as respostas saem tortas, sem foco ou focadas no que não nos melhora. Quando não ultrapassamos as avaliações e escolhemos agradar, desagradamo-nos, a um e a outro, continuamente.

Na nossa relação existia uma multidão e já não tínhamos tempo nem para ter tempo para nós. Se me olhasses eu não tinha como te olhar de volta. Os sinais, os movimentos dos nossos corpos quando se desejavam, nada podia manter-se ou continuar porque nunca éramos apenas nós. Na nossa relação existia uma multidão e permitimos que ela nos afogasse, levando-nos tão para o fundo, que nenhum de nós foi capaz de emergir. Na nossa relação existia uma multidão, estavam em todo o lado. Ocupavam até o ar que respirávamos e escolhemos não deixar entrar o ar. A nossa morte foi lenta e assistida, muitos foram os culpados, mas nenhum deles pagará uma factura tão alta quanto já pagamos nós.

Tanto que precisei de ti, apenas de ti, sempre que me abraçavas e parecias limpar-me do mundo. Tanto que te gritei, sem voz, que não largasses as mãos que apertávamos tanto, até nos doer a alma. Tanto que esperámos pelo amor que nunca foi feito ao ritmo certo, porque corríamos parados e assistíamos, impávidos ao desfazer do que tanto nos custou...

Na nossa relação existia uma multidão, soubemo-lo sempre, mas escolhemos esperar e fizemo-lo até que a espera deixou de fazer sentido.

Onde estão agora todos quantos estavam antes e te roubavam de mim?

Partiram depois de já nao haver nada mais para destruir!