Quando amamos, amamos, pronto!
Sue Amado
novembro 04, 2017
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Sabem o que acontece quando um amor não termina?
Não vale a pena querer seguir em frente, arranjando um novo amor que substitua o único que se deseja. Por mais que sejamos cuidadas, amadas, incentivadas a andar em frente e a começar de novo, se o que sentimos não mudou, estaremos apenas a enganar-nos!
O Alexandre é um verdadeiro cavalheiro, cuida de cada um dos meus desejos, até dos que nem sabia que tinha. Com ele passei a gostar de bons designers, de sapatos feitos à medida, de jóias personalizadas, de tudo o que uma mulher sonha. A sua vida profissional consumia-o, mas fazia sempre crescer os dias para estar comigo.
Jantávamos às 11, almoçávamos às 4 da tarde, namorávamos até altas horas, adormecíamos e acordávamos a fazer amor, partilhávamos até os suspiros, ele era uma descoberta constante e um prazer assumido.
- Minha querida, acho que chegou a hora de te pedir para te mudares para a minha casa, o que me dizes?
Fiquei muda, sem conseguir articular uma única palavra. De repente, do nada, a imagem do Paulo, as constantes mensagens de voz no telemóvel, tudo isso passou pelo meu pensamento. Se eu desse este passo, seria para recomeçar, seria para deixar para trás, para sempre, o que tivera e me fizera tão feliz, mas que correra mal. Aquele homem era o meu castigo eterno, nada fazia sentido sem ele e os meus dias eram camuflados, eu vivia uma mentira constante, e nunca, por nenhum segundo, deixara verdadeiramente de pensar nele. Ele era o que o meu corpo, mente e alma desejavam, mesmo que não me personalizasse as jóias, ou me levasse a jantar a Madrid. Como poderia eu cortar com o cordão que me permitia respirar?
- Querida?
- Sim, Alexandre, apanhaste-me de surpresa, desculpa. Não sei o que dizer...
- Diz que sim, vem acordar sempre na minha cama, na nossa cama. Podes mudar a decoração inteira da casa, pô-la ao teu jeito, revira-a do avesso, deita paredes abaixo...
Eu já não o ouvia, não podia, era demasiado para mim ter que cortar e desistir. Dei comigo a correr, descalcei-me e corri sem sentir qualquer dor, o meu cérebro gritava-me que era agora e que precisava de parar de me enganar, de me esconder...
Subi os dois andares do meu prédio, nem sei bem como, e quando entrei corri para o armário onde "escondera" a caixa com a outra parte da minha vida. Agarrei ansiosa a sua foto, e sentada no chão, ri chorei e entendi, era ele, teria que ser ele, sempre e só!
- Estou, Paulo?