30.11.21
Já me conheci algo tarde...
Percebi que o que me faziam sentir nem sempre me definia. Percebi, algo tarde, que não me conhecia o suficiente, e que o deveria reverter para que as desilusões não se instalassem e para que pudesse aceitar e perdoar os mais pequenos de alma. Mas percebi, a tempo, que tudo tem o seu tempo e que aquele que me foi dado deverá ser usado sobretudo em meu benefício.
Nada como o meu silêncio para que me consiga ouvir convenientemente, afastando-me das palavras que já não fazem eco na minha construção emocional. Soltei umas quantas ideias que já definira antecipadamente, sentindo-me mais leve e generosa comigo. Tornei-me uma pessoa melhor e faço-o a cada dia um pouco mais, de forma a que não me desvirtue, mas também não espere demasiado da minha evolução. Desdobrei-me em muito mais do que três mulheres, para receber convenientemente as outras duas, porque sou a dualidade, pelo signo e pela incapacidade de escolher apenas uma. Resolvi umas quantas questões que iam perpetuando por teimosia e receando ter que começar com a tela em branco, mas depois de mudar as "cores" tudo passou a fazer sentido.
Percebi, porque para isso trabalhei, que tenho o direito de exigir da vida apenas o que me mantiver inteira.
29.11.21
O que esperas ainda do teu ontem?
Por onde andam os amores que carregam entrega, compromisso, dádiva e respeito?
Não nos devemos demarcar da realidade, da história que nos trouxe até ao hoje com que nos presenteou a vida e da verdade de que somos todos feitos, porque a premente necessidade de sonhar e embelezar o que até foi feio, pode passar-nos rasteiras que nos custarão muitas mais horas sem sono.
"Que haja hoje para tanto ontem" - exclamou Paulo Leminski num poema. Se o "passado" resolver bater-te à porta, abre-a, escuta-o, mas não te demarques do presente, dourando de forma ingénua o que aconteceu realmente. Não te agarres demasiado ao que não tiveste forma de viver, achando que o farás agora. Usa o teu livre arbítrio e coloca no lugar tudo o que já lá deveria estar há muito. Sê razoável e consciente, acordada e pronta para encerrares, de vez, o que o presente te exige, de contrário nunca viverás em pleno o futuro.
Onde estavas verdadeiramente quando até te provei que te deverias manter por perto para que fossemos ambos completos e mais felizes? O que terias que ter sentido mais, para que não precisasses de me querer enganar? Para onde achaste que iríamos ambos, depois de nos afastarmos do que já era o nosso lugar? Somos histórias com capítulos que não se complementaram, apenas obrigaram a mais páginas, mas as restantes foram todas escritas por mim, por isso cuidado com o que achas poder trazer, porque na verdade deixaste de me fazer falta, tal como tanto parecias desejar.
Para onde vão os amores que não vingaram, mas que insistem em não morrer?
Places I still need to be in!
27.11.21
Mais um Natal sem ti!
Mais um Natal a caminho e mais umas quantas lembranças de quem nunca saiu de mim verdadeiramente!
É no Natal que pareces fazer-me mais falta. É em cada um que recordo, com um sorriso tímido, as gargalhadas que me oferecias e todos os abraços com que me envolvias, sussurrando-me que era o amor da tua vida. É a cada Natal, e já se passaram uns quantos, que sinto falta dos beijos que nos asseguravam do que nem nós podíamos, mas que desejávamos mais do que à vida que tivéramos até nos pertencermos. Será em mais um Natal, sem ti, que te voltarei a sentir a falta e a tentar colocar em perspectiva tanta recusa, tantos medos infundados e tanta falta de entrega e coragem. Será neste Natal que pedirei para que a espera termine e para possa finalmente aceitar que nunca mais teremos um Natal juntos.
Mais um Natal com o frio a colar-se à alma que ainda terá que viajar muito para te reencontrar. Mais um Natal em total silêncio e tendo TANTO para te dizer. Mais um Natal para que me recorde, com ainda mais firmeza, de todos os momentos em que nos tivemos, mas em todos os que nos negámos, tu por falta de um amor verdadeiramente grande, maior do que o teu ego e eu por me recusar a implorar-te pelo que acreditava ser nosso por direito. Mais um Natal de coração vazio, mas já sem a mente a florescer de sonhos que nunca passarão disso mesmo. Mais um Natal a desejar que termine rapidamente e com ele todas as lágrimas que já não correm, mas que me escureceram tanto, que deixei de ver as cores que me iluminavam os dias e faziam brilhar os olhos. Mais um Natal a pedir que me seja concedido o direito de deixar de te amar.
Que o próximo Natal me renove a certeza de que ainda terei muitos com a pessoa certa e que nesses já não me roubarás os sorrisos.
Por onde anda a felicidade?
De uma forma ou de outra, acredito que buscamos todos o mesmo, amor, colo, companheirismo, amizades sinceras e verdade, sempre a verdade, não importa a dor associada e o tempo que a levamos a encaixar. Somos algo diferentes na resiliência e coragem, mas no final de cada somatório diário, a felicidade é tudo o que nos move.
Quem ainda a procura, a tal da felicidade? Quem não desiste de a encontrar, até quando parece ter emigrado para um planeta distante? Quem já percebeu que a felicidade é não mais do que um estado de espírito?
Somos todos fruto duma história única e talvez por isso tenhamos linguagens distintas dentro do que até deveria ser uma língua universal. Não nos entendemos por escolha e não raras vezes até padecemos do mesmo. Somos, a cada dia, mais individuais e menos habilitados a sonhar no colectivo, talvez por isso os sonhos sejam TÃO difíceis de conquistar.
De que forma poderíamos deixar ir o que não nos permite estar verdadeiramente "aqui", o único lugar que temos? De que forma arranjaremos forma de reconstruir o modelo que deixámos partir? De que forma ainda nos poderemos salvar de nós mesmos?