Como se sabe onde e quando terminou o que julgávamos ser real?
Adormecer ao teu lado e acordar sentindo o teu respirar, o teu abraço que me envolve e no qual me aninho para me saber protegida, ter os teus beijos que nunca se cansam da minha boca que também se mantém ansiosa da tua, olhar-te até que os meus olhos se embaciem e procure ver-te tão dentro que te consiga reconhecer para além deste tempo, lugar e mundo.
Sei como te moves, a covinha que se forma quando sorris, que tom adquire a tua voz quando te enlouqueço, por me quereres proteger. Sei o quanto esperaste por mim e o que estavas disposto a fazer para me manteres por perto.
Se me amas? Não duvido e nunca foi preciso que o dissesses para que tivesse a certeza, mas hoje, sempre que acordo dos sonhos onde permaneces e dos quais já não podes sair mais, acabo vazia, relutante, a odiar-me por não conseguir dormir sempre, para sempre, porque agora só te consigo ter assim.
Quando acordo do sonho que retomo noite após noite para te voltar a sentir, espero desesperada pelas horas que se recusam a passar à velocidade que necessito para estar de novo no único lugar onde sou eu!
COMENTÁRIO:
Quem teve a oportunidade de ler um texto da Lourdes Mengo, deu de cara com um sentimentalismo profundo e um romantismo forte e sincero. Em “Quando acordo do sonho…”certos aspectos de sua obra ganham destaque; a dúvida constante, o abstracto e, o que é mais marcante, o amor. A escrita poética ganhando tons de prosa é transcendental, o formato curto – quase que único – deixa uma leitura rápida, mas reflexiva.
Texto: “Quando acordo do sonho” – Lourdes Mengo Sue
Comentário: Dan Oliveira