Ui, e se tu registas tudo. Tanto que até chego a estremecer só de pensar em alguma palavra mal dita. Sabes sempre do que falámos, do que partilhámos.e nunca permites que me esqueça dos pormenores, porque para ti tudo importa e tudo serve para mudar o tudo que nos diz respeito. Por vezes chego a assustar-me com a forma como me "carregas" desde há tanto tempo, porque me deixas mais pequena e incapaz de estar na mesma passada. Por vezes, até mesmo por isso, gostaria que tivesses sido apenas tu e que eu te tivesse registado da mesma forma, porque hoje estaríamos bem mais longe.
Os registos que ficam para alguns, serão os que importam mesmo, porque não acumulam "tralha" emocional. Os registos que ficam a quem ama mantêm-se pela vida fora e acabam a espreitar, sempre que sentirmos falta de nós e do que nos fez bem. Os registos que ficam permitem-nos comparar e perceber o que queremos do outro.
Chegas a assustar-me com essa memória para os sons que deixaste que se te entrassem, dentro. Chego a sentir alguma inveja de tudo o que não consegui carregar de ti, porque no meu hoje, queria e precisava de bem mais do teu ontem, que afinal também fui o meu.
Dos registos que me ficaram está o desejo que tive que esconder, porque não te achava possível, porque me parecias a anos-luz do que tenho hoje, sem qualquer medo. Em alguns deles, até estão os tremores que me percorriam o corpo, de cada vez que olhava as tuas mãos e quase as sentia. Dos registos que ficaram estava a tua determinação e segurança, no que dizias e fazias, enquanto ainda navegava em águas demasiado doces e paradas.
Não registei tudo, é um facto, mas o que ficou serviu para que voltasses e para que tivesses terreno para te instalar!
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