Nunca deixo que me apontem caminhos que já sei percorrer, não no que diz respeito ao que escrevo, porque o faço, em primeiro lugar, para mim e só depois para os que me recebem em forma de palavras. Não é egoísmo, é algo que me ultrapassa e que vai para além do que compreendo sobre mim.
Escrever é um acto solitário, muito meu, que me chega como uma necessidade tão premente, que ignorá-la seria deixar de me sentir e passaria apenas a sobreviver.
Quem é que me ensina, afinal, a debitar tantos sons, a "despejar" esta torrente de palavras que quase me afoga quando as uso e quando tento, sem sucesso, não o fazer? Quem me analisa, de cada vez que escrevo comigo tão dentro, que pareço ser eu toda? Muitos, já vão sendo muitos, em análises que não sabem fazer, com palavras que não têm forma de se misturar nas minhas, porque o que eu tenho pertence-me até que o deixe ir e me liberte do que não deveria ficar. Quem me lê, será que consegue, da forma certa, perceber como sinto e escrevo? NÃO e eu não queria que fosse feito, que me lessem quando me lêem, apenas que sentissem o que partilho da minha. Queria que usassem, cada palavra, da forma que os enchesse e preenchesse. Que se demarcassem do que aparento ser porque de mim apenas eu saberei. Não queria que achassem que terão forma de interpretar tudo, porque nem eu sou capaz de o fazer. Eu sou a que vai escrevendo quando e enquanto escrever for esta necessidade. Lamento que não estejam em primeiro lugar. Em primeiro estou eu, sou eu, porque decido eu.
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