Nada como o tempo para o tempo correr!
Um dia depois do outro apenas serve para que se veja mesmo a verdadeira face dos outros. Ninguém consegue ser diferente só para impressionar demasiado tempo e mesmo que nos tenhamos iludido, um dia qualquer, talvez até por razão nenhuma, acordamos a ver tão claro que já nenhum esforço precisará de ser feito para deixarmos ir o que nos prendia com amarras invisíveis.
Temos aliados onde menos esperamos e se soubermos aceitar o que nos chega, conseguiremos parar de questionar quem nunca esteve, quem apenas buscou, de forma talvez até artística, "caçar" presas difíceis, no entanto convinha que soubessem que há que ter cuidados acrescidos com a caça dita perigosa, é que se apenas for ferida, se a morte não for imediata, o caçador passa a presa e o que parecia simples complica-se, quase sempre sem volta.
Todos nós nos enganamos, sim, porque deixamos, porque queremos, porque nos convém, porque nos sabe bem, mas enganarmo-nos não significa penarmos para sempre, muito pelo contrário, apenas torna todas as outras águas mais claras, e passamos a ver através do que já não adianta esconderem.
A dor confere poderes absolutos, porque com ela a alma agiganta-se, o coração aprende de que forma bombear sem se estatelar todo, até porque só temos um e os transplantes são demorados. Sentir que nos esmagam os sonhos, que nos puxam o tapete, pode até colar alguma descrença, mas se o que precisamos é de encontrar a felicidade onde ela existe realmente, conseguiremos entender que tudo fará parte deste caminho que não temos forma de parar de viver, e que até o sal pode adoçar a fruta ácida, dando-lhe um sabor que chegará mais tarde, mais único, mais real, e a valer mais a pena.
Nada como o tempo, não para curar, mas para permitir continuar, eu sei-o bem, porque já me fui, já saí de onde nunca chegaria a lugar nenhum, já reiniciei e já estou pronta!
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