- Como é que estás?
Foi simpático da tua parte perguntar, mas sabes porque pudeste ver, que estou bem e que o nosso tempo, aquele que quase pareceu parar, restaurou-me. Primeiro ocupei-me apenas a tentar sobreviver, depois, e quando percebi que já não voltarias, o meu corpo passou a mover-se determinado e sem nunca se recusar a obedecer-me. Esforcei-me, IMENSO, para não ceder à minha vontade de me fechar e de nunca mais aceitar quem quer que surgisse para me tentar e consegui. Já estou na segunda fase do desamor que se instalou. Já percebi que apenas eu lamentei a nossa ruptura e apenas eu senti, realmente, falta de nós.
Hoje fizeste-me bem, foi tranquilo e parecias apenas um velho amigo. Falámos de tudo, excepto do sentimento que poderia continuar a nutrir por ti. Poupaste-me à sensação de desconforto que certamente iria sentir por já não te amar, é que na realidade pareço ter sofrido tanto, e olha que sofri mesmo, mas curei-me. Ufa! Passeámos juntos, numa caminhada em que parecíamos um casal e em que de mãos dadas me senti protegida e cuidada. Fui, ora falando acelerada de tudo o que me aconteceu, ora calando-me por me sentir envergonhada com tanto sentimento rejeitado. Secaste as lágrimas, sorriste-me para que te sorrisse de volta e quase que consegui ouvir o teu coração bater, de ansiedade, de medo e de alguma tristeza, como disseste, por não saberes como me provar que seria a mulher mais amada do planeta se te aceitasse de volta.
Perdoa-me meu amigo, talvez a perda até seja minha, mas tu um dia encontrarás a mulher que receberá essa tua grandeza de alma e nunca mais olharás para trás, tal como arriscaste fazer comigo e me perdeste. Um dia serei eu a ver-te sorrir e certamente que os sabores serão misturados, pela alegria de te saber feliz e pela tristeza de nunca mais poder ter dias como o de hoje.
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