Estou a ouvir os pingos da chuva na janela semi-aberta que parecem conseguir lavar-me a alma, o corpo e de tudo o que tenha deixado pendurado, ou por decidir. Estou oficialmente livre e liberta para o novo. Estou bem mais consciente de tudo o que adiei, cada desejo de renovação e todos os planos que colocava, de forma meticulosa, apenas nos blocos que enchia sem me sentir plena. Estou a ouvir os pingos da chuva, sabendo que rapidamente se transformarão em sol aberto e é dessa forma que me sinto, aberta para vida, para as descobertas e para o amor.
Agora já me posso garantir que sou a soma de tudo o que fiz por acumular e o bom é que acumulo apenas o melhor de mim, da vida que vivi e das pessoas com as quais me cruzei. Ninguém, alguma vez me fez como desejava e à minha velocidade. Nunca esbarrei, não ainda, em quem quisesse mesmo que fosse da minha maneira, com as minhas escolhas e a ser eu em todo o percurso, sem precisar de fingir para agradar. Ninguém me deu, não ainda, tudo o que sou capaz de dar, doando-me. Ninguém me olhou e viu o que carrego dentro, talvez porque não o soubesse mostrar, ou simplesmente porque não saberiam mais. Ninguém me trouxe um amor que me soubesse bem amar!
Estou a ouvir os pingos da chuva a cada segundo mais suaves e a anteciparem o que ainda preciso de fazer, tudo o que serei capaz de viver se o viver mesmo e para onde terei que ir depois do agora.
Sem comentários:
Enviar um comentário