Que lugar te deixa de alma serena e livre do peso do mundo?
Por vezes gostava de poder voltar a "casa", aquela onde estavam todos os que me deram motivos para viver. Não raras vezes faço pequenas incursões às "casas" onde vivi rodeada de todo o amor que fui capaz de multiplicar e consigo ver-nos de sorrisos abertos, em conversas logas e com os planos que traçávamos juntos. Gostava, TANTO, de poder regressar aos lugares que transformei na nossa casa e onde sempre reinou a paz, independentemente de todo o tumulto que o cuidado, a preocupação e o medo de mãe provocam. Gostava de poder ter só mais um dia que fosse, mas sei que teria feito tudo da mesma forma, amando até que mais nenhum amor coubesse.
Já sabia, mesmo que não perdesse demasiado tempo no que seria certo, que um dia a "casa" não voltaria a ser a mesma e que até quando regressassem todos quantos me prepararam para o maior papel que jamais desempenhei, nunca mais voltariam para ficar. Resta-me o consolo e a felicidade de ter vivido todos os minutos que nos couberam, fazendo de todas as horas que de alguma forma multipliquei, o palco para o que inevitavelmente acabaríamos por viver lá fora.
A casa de que tão bem me recordo, encheu-se sempre de ensinamentos, de aprendizagens, de choros e dos muitos medos que apaziguei. Estive na proa de todos os exemplos que dei para que me seguissem de forma determinada e a perceberem que também eles poderiam, bastando que se recordassem, e sei que o fazem, de tudo o que lhes ofereci, evitando-lhes uns quantos caminhos menos amistosos. A casa de que agora sinto falta, vai-se transformando, de mansinho, nas casas de onde um dia os meus também escreverão as suas novas histórias.
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