Somos tão pequenos sem amor. Saboreamos pouco, ou nada, quando as nossas bocas não usam e abusam, para além dos beijos, das palavras que nos levam em cada som, dando-nos em pedaços que sobram e fazem falta. Perdemos tanto da vida se a vivermos apenas sobrevivendo e sem partilhas que nos colem a outro ser. Colecionamos doenças da alma e da mente se não nos oferecermos com tudo o que acumulámos, para que alguém se enriqueça e se una. Somos mais frágeis se sozinhos, mesmo que resistentes por inerência. Somos subtraíveis se não existir, por perto, quem nos some cada emoção, multiplicando a vontade de permanecer, por tempo indeterminado, a criar e a ter emoções. Somos tão pequenos sem amor!
Já tenho como falar de todos os sentimentos que me construíram e fortaleceram, até quando pareciam abanar-me as estruturas que ainda tentava solidificar. Sei o sabor do desamor, mas já me lambuzei em amores que me fizeram querer continuar a replicá-los. Já fui a pessoa mais importante de alguém e já tive, comigo, a pessoa que reconheci, escolhi e recebi. Já me refiz no molde do amor, renascendo mais inteira, mais capaz e ainda mais plena para o poder dividir. Já quase desisti de o encontrar, mas apenas até perceber o quão cíclicas são as estações, tal como as emoções.
Somos e seremos sempre demasiado pequenos sem amor, mas alguns não desistem de o receber, aninhando-o nas conquistas e acertos, mas aceitando-o quando e de cada vez que seja difícil e carregado de escolhas erradas. Somos o que conseguirmos fazer sentir, porque não existe outra forma de sentirmos o que mudará todas as viagens, preferencialmente para melhor. Somos feitos de outras partes inteiras e é por isso que permaneço na busca da minha, porque somos tão pequenos sem amor.
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