Do que se alimenta o amor?



Nenhum amor resiste à falta de amor de quem se ama. Nenhum sentimento bastará se estiver instalada a indiferença e o desapego que um olhar que não olha, provoca. Nenhum desamor poderá alguma vez carregar sabores que valham a pena manter, sobretudo quando nos mantêm reféns do que não existe. Nenhum lugar será nosso se ainda não nos tivermos, sabendo quem somos e o que esperamos do que nos espera, mesmo que nunca pareça chegar ou acontecer no momento certo.

Do que se alimenta o amor?

De verdades que até poderão ser dolorosas, mas que nos afastarão dos eternos faz de conta. Da entrega sincera e do tempo que oferecemos para que nos devolvam ainda mais tempo. Das conversas genuínas entre dois interlocutores empenhados. De carinhos que se prolongam para lá do toque e dos sonhos que não receamos partilhar. Do respeito e da amizade pura e inequívoca. De tudo o que nos acrescenta mais do que rouba e do único roubar permitido que tem o formato dos beijos.

Nenhum amor resiste a conflitos internos que carecem de nome por falta de avaliação e nenhum amor alguma vez poderá ter esse nome se apenas o parecer, sem que jamais o consiga ser.


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