De cada vez que temos de dizer adeus, parte de mim fica em pedaços e todo o amor que te tenho, se reduz quase a pó, com o medo que tenho de ter este medo de te perder. De cada vez que dizemos adeus, mesmo que não usemos as palavras, sei que morro um pouco e mesmo que não o entenda e que me esforce para parecer forte, segura e tranquila, metade de mim consegue muito pouco para me segurar. De cada vez que me questiono sobre ti, se serás tu e se estaremos prontos um para o outro, a resposta é sempre a mesma, porque de cada vez que arrisco perder-te, sei que perder-te me mataria, mesmo.
Quantas vezes nos podemos assegurar de estar no lugar certo, com a única pessoa que fará de nós a pessoa certa? Quantas vezes é que, estando longe, apenas queríamos estar tão perto que sentíssemos outra vez aquele cheiro familiar, o doce que só passa a boca que se encaixa na nossa? Quantas vezesconseguimos olhar para o mesmo céu e contar as estrelas começando pelo mesmo lado? Quantas vezes adormecemos e acordamos a saber que do nosso lado só poderá estar quem não estando, mudaria até o formato dos sonhos? Quantas vezes podemos dizer que amamos alguém, sentindo que amar é o que fazemos realmente bem?
De cada vez que nos temos, sei que temos o que nos foi prometido, e que somos um para o outro, o que cada um precisa para continuar por aqui, para ser feliz e para viver sem apenas sobreviver. É assim que quero continuar, a ser eu e a ver-te seres tu!
O que te impede de continuar, e porque esperas, sempre, pelo pior mesmo quando os sorrisos são mais abertos e naturais? O que te assusta na pessoa que acabou a aceitar-te, como és e como te sentes? Porque fala mais alto o teu lado negro, aquele que receia ser usado, mesmo quando o toque que recebe é o que muda tudo o que vês?
O que te assusta é o que já pareces ter vivido e que afinal conheces tão bem.O que te assustaé ter que desistir e recomeçar.O que te assustaé o cheiro que se te impregna a pele e que não é o teu. O que te assustaé saberes que tinhas razão quando o primeiro olhar fugiu do teu e te deixou no vazio que já conhecias. O que te assustaé não pertenceres a ninguém, mesmo que saibas a quem terás que pertencer.
Estou cansada de atravessar mares revoltos e de ser a única a remar na direcção certa. Estou cansada de querer por dois e de esperar pelo que nunca chegará, porque quem chegou ainda não me reconheceu. Estou cansada de estar cansada e quero parar de ter medo, porque mesmo que me assuste terminar sozinha, não quero, mesmo, terminar do lado errado.
O que é que te assusta?
"Não conseguir sossegar o coração que até já entreguei"!
Presa no que penso de mim e no que espero dos outros. Presa pelas palavras que uso de forma incansável, por entender que apenas por elas e com elas saberei o que querer e de que forma me querem. Presa a uma alma eternamente jovem, a que acredita, porque o sente, que pode tudo enquanto arriscar querer. Presa ao que construí, com muito cuidado, construindo-me para quem me souber ter e manter.
Por vezes sangro por dentro sem o poder evitar, porque exijo demasiado de mim. Nunca aceito as impossibilidades até que se torne impossível continuar em frente. Já aprendi, há algum tempo, que quero apenas arrepender-me do que tiver tentado, fazendo o que sentia ser o mais certo e não me impedindo de pelo menos me sentir. Estar presa a convenções, ao que os outros consideram ser certo, matando da forma mais dolorosa e devagarinho cada desejo e sentimento, já não é para alguém como eu. Já sou mais, porque quero e tenho mais de mim mesma. Estar presa numa prisão emocional, vendo o tempo fugir-me das mãos, nunca mais será uma opção. Sei o que preciso de saber para estar como terei que estar, sendo o que apenas eu consigo.
Presa a ti até que posso estar, mas apenas e enquanto te sentir preso a mim. Presa a ti, mas nunca em demasia e nunca de forma a nos afogarmos ambos. Presa a ti enquanto o amor que me passas for na mesma onda do que te devolvo. Presa sem grilhetas, apenas com os desejos que posso fazer crescer, mas apenas se os puderes aguentar. Presa, até que me forces a libertar-me e aí seguirei como cheguei, apenas eu e levando apenas o que não te fizer falta.
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.