Ter do meu lado quem esteja, mesmo, do meu lado, mostrando-me, em cada momento, que entende porque me construí desta forma. Ter o ombro no qual poderei deitar a cabeça quando estiver mais frágil, porque também eu sou frágil. Ter quem, mesmo longe, esteja mais perto do que todos os outros. Ter a pessoa certa, a única que fará de mim o que ainda não arrisquei ser com mais ninguém.
Seres o meu anjo, sabendo o que fazer comigo, e percebendo tudo mesmo antes de o conseguir passar. Seres o meu anjo, quem me abraça e apaga todos os males do mundo, a única entidade válida e real aqui, onde impera a indiferença e a incerteza que nos enegrece a alma. Seres o meu anjo por me conseguires amar, como sou, com todas as imperfeições que saberás perdoar, como eu me perdoo por não ser perfeita. Seres o meu anjo e deixares-me dormir, num sono tranquilo porque estarás do lado certo do meu acordar. Seres o meu anjo, nunca me virando as costas, e ensinando-me a procurar as respostas que farão os amanhãs lugares melhores.
Queria ter-te como meu anjo, mas aqui, não onde não te possa tocar, podendo ouvir a tua voz de cada vez que tudo o resto se silencie. Gostava de saber, com a mesma certeza que tenho sobre o quanto preciso de ti, que existes, que és tão real quanto a minha realidade exige. Precisava de te poder tocar, e mesmo de olhos fechados saber quem és, porque o que fosses seria meu e para mim. Seres o meu anjo, com a responsabilidade, o compromisso e a entrega que sê-lo te exigiria. Seres omeu anjo, apenas meu, sempre e para sempre e mesmo que eu saiba que estou a pedir demasiado, queria, porque sim e porque mereço. Vem ser o meu anjo, por mim e por escolha tua, não preciso de mais nada...
TANTO que cabe no meu coração, cada dia mais! No meu coração cabem as pessoas que aprendo a amar um pouco como a mim mesma, porque a verdade é que me amo mais. No meu coração ficam até os que não aprenderam a amar-me da mesma maneira. No meu coração não ficam lascas, nem dores eternas, preciso dele livre e tranquilo porque dependo do seu bater. No meu coração estão os amigos de sempre, a família que me mantém, também ela num lugar especial. No meu coração cabe o meu mundo e que grande ele se tornou...
Quem conhece a sensação de fechar os olhos e de sorrir sem plateia, sem que existam sorrisos de volta, apenas com a certeza de que estamos realmente de bem connosco? Chamo a isso de paz, de serenidade e aceitação. Aceito as minhas imperfeições e reconheço os passos que vou dando, uns mais seguros do que outros, mas sempre a seguirem na mesma direcção. Sereno-me sempre que arrisco magoar-me por não entender, sobretudo por não me entender, porque apenas quieta sou capaz de arrumar o coração.
No meu coração já couberam amores possíveis e impossíveis. Já esteve tão cheio que quase não bombeava o sangue que me permitia funcionar, mas também já o deixei tão vazio que poderiam caber todas as estrelas, até as que não estão visíveis. No meu coração já tive mágoas temporárias, mas escolhi sempre resolver o que o poderia fragilizar e por consequência a mim. No meu coração caberá sempre mais amor, mais felicidade e mais certezas de que só estarei realmente viva se o alimentar. No meu coração ainda continuas a caber "tu"!
Saber perdoar também é um acto de amor. O perdão, sobretudo o nosso, é um exercício nada fácil e que leva algum tempo a concretizar. A tendência será, quase sempre, a de não nos perdoarmos os erros, as distracções e a incapacidade de ler sinais. O perdão implica aceitarmos que não nos conduzimos de forma coerente e que facilitámos ao ponto de nos estatelarmos no chão, mas quem é que nunca cai? Quem é que nunca erra? Quem é que nunca acredita que sabe o que faz e que se conhece o bastante para não errar?
Apenas o tempo nos poderá serenar a alma e com ela virá o perdão natural, o "nunca mais", ou o "para a próxima", também são estágios naturais, mas rapidamente, mais para os que não usam de mágoas para magoar, serenamos o bastante para perdoarmos o mundo por não ser perfeito e nós como ele. Saber perdoar quem não nos soube amar à nossa maneira, porque certamente o terá feito da sua. Saber perdoar a falta de entrega, ou a entrega em demasia. Saber perdoar a indiferença que se instala mal nos sentimos desconfortáveis. Saber perdoar, porque nem sempre se sabe.
Estou pronta para me perdoar de cada vez que erro, não é imediato, preciso sempre de rever cada passo e de analisar para não me repetir, mas perdoo-me porque preciso de continuar a viver. A ti, tu, tu e ainda tu, quem quer que sejas e já tenhas passado pela minha vida, também te perdoo por não me saberes perdoar!
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.