O para sempre de preferência felizes, apenas existe quando o conseguimos imaginar primeiro e depois sentir. Querer muito alguém de forma a conseguir imaginá-la sempre e para sempre do nosso lado, tem tanto de assustador quanto de desafiante. Será que nesta altura da vida, com tantas viagens acidentadas, lugares inóspitos e sombras que se formaram mesmo quando o sol brilhava, ainda conseguimos fazer um exercício de visualização tão esmagador? Será que temos noção de cada um dos passos a que nos obrigamos, para que falhar não seja opção? Será que depois de termos encontrado quem importa mais do que tudo o resto, saberemos como a manter? Não conheço na íntegra os votos que se repetem nos casamentos, mas sei que não valerão de nada se o que conseguimos fazer, primeiro por nós e depois por quem nos espera, não bastar.
Para sempre apenas quero quem me queira, mesmo, como sou, com tudo o que represento, até o menos bom. Para sempre deverás estar TU, se tiveres forma de apagar tudo o que não te fez ser o sempre de alguém antes. Para sempre vejo-nos, aos dois, quando ultrapassarmos cada uma das barreiras a que nos obrigam tudo e todos quantos não sabem o que significa, para nós, estarmos, ficarmos e sermos. Para sempre quero que se mantenha o amor, mais maduro, mais pronto e capaz de nos fazer seguir em frente. Para sempre desejo o meu corpo no teu, a tocar-te como sei, a enlouquecer-te porque te conheço e recebendo em troca o único corpo que se lhe encaixa. Para sempre e mesmo sem troca de alianças, quero o homem que me queira, sinta e ame num sempre que nunca terminará, mesmo quando terminarmos nós.
Só terás que saber cumprir se fores capaz de o prometer, porque para sempre só vou querer o que nos mantiver como somos já!
O que importa realmente fica, permanece e confirma-nos o que considerávamos certo. O que importa, depois das decisões tomadas, é que se veja com mais clareza, sem tantos ses e com mais vontade de ter vontade de continuar. O que importa é a sintonia, o querer-se como quer o outro, o aceitar que por vezes também precisamos de ceder, de olhar com olhos diferentes para o que já não é novo, mas queremos e precisamos de manter.
Nunca deixo de me surpreender perante a capacidade que o mundo tem de nos mudar o foco e de nos ensinar a sentir e a pensar de outra forma. A verdade é que quando se quer encontra-se forma, e quando não nos interessa, arranja-se desculpas. Sabes qual tem sido a minha desculpa para te manter até hoje? O muito que te amo e olha que já o faço desde que percebi que já estavas aqui, na dianteira dos sentimentos que se tornaram comuns. Aprendi a querer-te da mesma forma, não sei se mais, mas tanto que não te ter só poderá significar desistir um pouco de mim. Mudas tudo, fazes com que o que preciso, e desejo para o meu futuro, valha mesmo a pena. Mudas-me quando me ensinas a olhar-te com mais atenção e cuidado, passando-te o que apenas eu posso e devo. Consegues ver em mim quem nem sabia existir, talvez porque estivesse desatenta, ou porque sê-lo sem ti não fizesse sentido.
O que importa sempre são os momentos em que nos encaixamos aos dois e conseguimos suavizar o que ainda nos separa, os medos, as dúvidas e a incapacidade de estarmos no nosso futuro. O que inevitavelmente precisamos um do outro, é que um e outro saibam o que dizer, fazer, como chegar e aconchegar, recuando para não sufocar. Mas a verdade é que não nos fartamos de nós e nunca nos sufocamos pelo excesso. O que quase nos mata é a falta, a pele que não se cola e o olhar que só nos tranquiliza quando nos olhamos. O que importa é continuarmos a querer-nos assim, o resto vamos aprender a ajustar!
Já o pensei e disse muitas vezes, gostava que estivesses aqui ao meu lado, a seres quem já foste antes quando apenas te sonhava, algures num tempo que já parece estar muito longe, entravas na minha mente e fazias de mim a pessoa mais importante. Lá bem atrás, quando sabia onde te encontrar, eras quem esperava e foste-o tantas vezes. No passado que se instalou em nós, tudo o que quis materializou-se, tive-te, senti-te, ouvi-te de perto e saboreei cada sabor imaginado, mas gostava que estivesses aqui e que pudesse estar contigo sempre. Os pontos em que nos encontramos por vezes não se voltam a cruzar e mesmo que os queiramos repetir deixam-nos, abandonam-nos, fazem-nos sentir o que somos verdadeiramente, pouco mais do que nada. Gostavaque estivesses aqui se pudesses estar mesmo, lembro-me de o repetir para mim, no silêncio que se instalou sem que o pudesse mudar. Gostava de ver a tua face, de a beijar uma e outra vez, passando-me o cheiro que se entranhou e do qual pareço não me conseguir libertar. Gostava queestivesses aqui e me impedisses de chorar, rindo-te do que tendo a empolar. Gostava de poder repetir os momentos bons, apagando todos os maus que vieram para ficar, que se instalaram, pesados e a repetirem o que tinham prometido, porque não te podia pertencer, não era a tua pessoa certa e não te bastava.
Repeti o mesmo sozinha, no silêncio da noite e fi-lo dias-a-fio, durante penosos meses, mas nunca fui ouvida. O que quero conta tão pouco quanto contou antes. Não foi sempre bom, mas foi o possível e bebi quase tudo o que pude, porque já conhecia o final, sentia-o como ainda te sinto, apenas não sei por quanto tempo.
Gostava que estivesses aqui, atrevi-me a repetir mais uma vez, mas apenas me ouvi a mim hoje, tal como ontem...
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.