O namoro!
Sue Amado
setembro 06, 2016
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O namoro. Aquele ponto e lugar onde todos aterramos um dia. Ele vem habitualmente de modo descontraído, com as borboletas não apenas no estômago, mas a passearem-se por cada parte de um corpo que deseja ser sentido e tocado. Namorar nos dias hoje não se parece nem remotamente com o que conhecíamos, num passado que parece cada dia bem longínquo. O namoro é o momento em que se usufrui sem pensar, nem esperar demasiado, mas à espera de tudo. O namoro antecede o que se quer permanente e deve ser usado para limar arestas, para saber do outro, do que o completa e move. O namoro é recheado de momentos tolos, de palavras que se atropelam e das quais não parecemos cansar-nos. É aqui que chegam as promessas de não magoar e de não querer, em nenhum momento, que nos magoem. Passa pela nossa entrega desmedida, pelo sorriso que não nos sai dos lábios e por todos os beijos com que nos lambuzamos.
Quantas vezes namorámos verdadeiramente, deixando-nos apenas levar? Teremos que o fazer até que pare de fazer sentido, tal como não faz sentido amar, fazer amor, desejar e fazer planos. Pois, parece que afinal não é possível. Tudo o que se torna demasiado sério, calculado e desprovido de espontaneidade, arruína com qualquer pedaço de namoro genuíno. Abaixo os namoros com instruções. Abaixo os que nunca conseguem sentir sem questionar. Abaixo os que já nem se lembram de como se namora ao luar, de mãos dadas, sem palavras em silêncios cúmplices, procurando lugares que lhes pertençam por inteiro e que mais ninguém ocupa. Abaixo os que desistem depressa demais.
O namoro é o que já quase não conseguimos incluir, porque deixámos de o levar a sério, demos-lhe uma classificação que o classifica erradamente. O namoro é quase a fonte da eterna juventude, porque com ele tornamo-nos crentes outra vez.
Namore-se, não importa a que velocidade. Namorem-se. Usem e abusem do que nunca poderá voltar se não o deixarem apoderar-se mesmo de vocês. Deixem-se enamorar com o prazer do namoro e sintam mais vezes sentindo-se, porque pensar pode sempre ser feito com tudo o resto!