Pessoas que se cruzam nos nossos caminhos, estranhos que até poderiam vir a ser amigos, almas que certamente padecerão dos mesmos males, mas olhares desconhecidos e histórias que a nossa história não reconhece.
Somos tantos, mas a cada dia tão poucos. Poucos os que se importam genuinamente com o que importa ao outro. Somos tantos, mas os momentos correm demasiado velozes, atropelando quem apenas queria caminhar, devagar, usufruindo do tempo que o tempo ainda permite. Somos tantos, mas não nos conhecemos, não nos dispensamos os cuidados que certamente nos sanariam as tempestades interiores. Somos tantos, mas não somos ninguém, e na maioria das vezes bastaria um sorriso, um acenar seguro, de cabeça, um olhar brilhante e todo o mundo passaria, realmente, a ser o mundo onde queremos viver.
Olhares desconhecidos, mãos que deixaram de se abrir, de confiar, amargos de boca que ninguém parece conseguir adoçar. Olharescada vezmais desconhecidos, até dos que estão em nós, connosco, tão dentro como nunca ninguém esteve, mas que apenas nos inflamam os vazios, as dúvidas e as incertezas num futuro com luas mais cheias e de cores que nenhuma outra iguala. Olhares tão desconhecidos que nos tornamos, nós mesmos, estranhos, impotentes, incapazes de mudar os rumos e frágeis o bastante para quase desistirmos de nós.
Não estamos mais atentos. Não nos preocupamos mais. Não nos abrimos aos outros, não aceitamos a nossa mortalidade e incapacidade de sermos felizes, sozinhos. Não estamos mais humanos, mas continuamos a ter medo até da sombra, talvez porque deixemos que o sol encubra a luz que realmente importa. Não estamos a olhar, com atenção, quem até nos olharia de volta, se ao menos parássemos, umas quantas vezes e levantássemos a cabeça que teimamos em deixar cair.
Os olhares desconhecidos que se nos vão entrando alma dentro, forçam-nos a afastar quem até já nos pertenceu!
Encontra o equilíbrio, sossega a alma, recarrega as baterias e deixa de te magoar, a ti mesma, porque no final terás que permanecer quem és, mantendo o que fazes acontecer e cuidando de quem não se sabe cuidar, não ainda!
Nada é tão negro que não possa ser colorido, ou pelo menos visto de forma cinzenta, e depois, com alguma determinação, mudando as cores e sendo capaz de voltar a sorrir.
Nada será tão grave, tirando a morte, que não possa ser solucionado, revertido e desculpado.
Nada, nem ninguém, nos deverá impor a mudança, se mudar não for a nossa vontade.
Tolerância, parece que foi o que vim "aqui" trabalhar, mas que ainda está algo longe de ser conseguido. No entanto sei que chegarei lá e que a ser um objectivo, o irei atingir, como faço com tudo o resto a que me proponho.
Já percebi que não funciona contar até 100, pelo menos não em português, por isso mudei de estratégia e vou fazê-lo, pasmem-se, NÃO, não será em inglês, mas sim em russo, é que se me der trabalho assimilo com mais convicção o que tenho que fazer.
Sosseguei-me, faço-o de cada vez que preciso, sozinha, como na verdade sempre estive, após uma noite bem dormida, parecendo o anjo que de todo não sou.
Sosseguei-me porque não sei estar em alvoroço emocional. Sou das que precisa de paz, de equilíbrio e de saber com quem conta, porque nestas coisas do amor, ou se está, ou não se está, não existe meio-termo.
Sabem o que também ajuda? Umas boas bofetadas, daquelas sem mãos, que me colocam de novo no trilho e me recordam de quem sou, de onde vim e o que faço aqui. Shame on you!
A solução será o resultado da decisão e decidi que teria de me sossegar, porque nunca controlarei ninguém e porque se não aprender a confiar é bom que pelo menos me saiba parar e já!
Até sobrevives, claro que sim, sobrevives todos os dias a cada um dos dias que ameaçaram roubar-te. Sobrevives aos que não te sabem como tocar. Sobrevives aos que usam o "mas", e o "talvez" bem mais vezes do que o "sim", o "quero" e o "consigo". Sobrevives porque sabes que existe mais mundo para além daquele que te apresentam. Sobrevives porque não queres morrer de véspera e porque acreditas nos milagres que o amor opera.
Vamos querer sobreviver para contar a história que todos os amores trarão à nossa vida. Se é suposto amar muito e mais pessoas, então embora lá amar até que a alma se encha e preencha. Vamos amar até que o corpo se sacie e se pare de questionar. As certezas terão eventualmente que chegar e com elas a pessoa que esperámos e não a que procurámos.
Que não se complique o simples. Que não se olhe de lado o que está bem de frente. Que se saiba dar murros na mesa para que nos escolhemos a nós. Que se pare de lamúrias e se construa, afinal já temos tantas ruínas à volta. Que se sinta a coragem fluir nas veias porque dos cobardes não reza a história.
Até sobrevives mesmo quando achas que amar dá trabalho. O que ainda não percebeste é que ele apenas precisa de ser alimentado e cuidado. Se é de amor que padeces, reavalia quem estás a amar, porque não é suposto sentires dor. Se o que desejavas não te achegou ainda, ajusta a rota e segue em frente. Se achas que te paraste e quase apagaste para provares o que nunca poderia ser passível de dúvida, lamento mas estás no amor errado.
Sobrevives, acredita em mim, apenas terás que esperar que a lua mude!
Feelme/Querer-me a mim mais! Etiquetas: Sentimentos! Imagem retirada da internet
Querer-me a mim mais significa aprender a viver comigo, com os silêncios que me rodeiam, com as minhas limitações, angústias e desejos, mas tem sido um percurso por vezes violento e nem sempre uma caminhada meritória!
Sempre achei que para conseguir estar pronta para uma relação, teria que me conhecer melhor primeiro. Isso fiz! Sempre achei que saberia até onde estaria disposta a ir, o que queria e esperava de alguém. Foi nesse sentido, mas não de forma planeada, mesmo que sempre consciente, que fui delineando comportamentos e exigindo-me o que sabia ter que exigir ao outro um dia. CLARO que apenas contei com a minha prestação, porque mesmo que esteja munida de muito boa vontade, jamais seria capaz de forçar, ou mudar comportamentos. O meu amadurecimento, que me levou a um patamar demasiado alto, está a fazer-me "pagar" a veleidade de estar mais à frente que muitos.
Oiço muitas vezes, e hoje foi um desses dias, que não deve ser fácil conviver comigo. Senti, bem fundo, avaliações que até batem certo, mas que me deixaram com a certeza, que até já teria, de que não me enquadro. Decididamente não sou matéria palpável. Não tenho um modelo de leitura fácil. Não consigo sossegar os que me procuram para relações ditas "normais". Não tenho, eu mesma, forma de aceitar menos quando até sei merecer mais. Entendo, e ainda ninguém me convenceu do contrário, que se não encontrar quem me veja, então não quero ser vista.
Para já, vou tendo momentos que não são iguais, uns nos quais me revejo e quero estar assim, apenas eu, e outros em que me apetece gritar por alguém que chegue e mude tudo, sobretudo a mim. Não vou dizer que não exista, não ainda, não por hora, mas a linha ténue, frágil e assustadora.
Até lá a situação passa por continuar a querer-me a mim muito mais!
Vamos falar hoje, a sério, sobre nós os dois, a desnudar-nos por dentro a não deixarmos nada, mas mesmo nada por dizer. Foi sempre isso que te pedi e precisei de ti, mas acabou por nunca ser possível!
O que andámos afinal a fazer durante todos este tempo em que caminhámos por caminhos diferentes, afastados um do outro por milhas invisíveis e por milhares de minutos nos quais eu sempre te incluí, mas sem nunca saber onde e como estarias? Ninguém consegue caminhar no escuro muito tempo, sobretudo quando vê, quando já viu antes. As relações constroem-se falando de nós, mostrando-nos, dando-nos a conhecer para que o outro se possa incluir, para que sejamos dois, em quaisquer circunstâncias e percebendo que futuro existirá.
O tempo já corre demasiado depressa para ficarmos com dúvidas, para continuarmos à procura de sabemos lá nós o quê. Eu já só quero o que posso tocar, o que me acrescenta, o que não precisa de legendas, que é claro e real, o que não é difícil nem dúbio, as fantasias ficam para as sessões de cinema.
Já mostrei quem sou e o que consigo dar, caber-te-ia a ti provar-me que estive sempre certa, ou não. Vamos falar! Já o disse tantas vezes, mas como nunca foi convenientemente feito, deixou de importar e eu deixei de ver utilidade na insistência. Não o vou voltar a pedir e deixei de ter o que dizer...
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.