Existem pessoas que nos fazem sentir sempre sós, numa solidão que nos rasga e que se acentua mal nos deixam. Mas existem outras pessoas que nos aninham no seus enormes braços, passando-nos uma presença que se instala e que nos garante que sós, nunca mais ficaremos!
A solidão emocional é um flagelo que alastra e ameaça permanecer com uma nuvem escura e baixa, que esconde o sol até que a nossa pele se ressinta e enrugue com a falta de toque. Caminhamos, alguns, a passos largos para o abandono mais trágico do que o físico, porque esse é sofrível e porque nos podemos ir tocando.
Acordar sem sorrisos, sem o olhar que nos olha. Acordar sem saber o que se segue e quem nos seguirá, isso sim é estarmos sós e irremediavelmente afastados do calor que só passa quem nos ama. Acordarmos para apenas termos como finalidade o voltar a dormir. Acordarmos para dias iguais, para mais um dos muitos que se seguirão, sós, é uma visão fantasmagórica.
Sós até poderemos estar, alguns, mas apenas permaneceremos se pararmos de olhar para nós, agora e no futuro que vai chegar e cobrar,inevitavelmente tudo o que deixámos por fazer!
Como é que partilhas o que és, os teus momentos mais pessoais e interiores com quem entrou de novo na tua vida? Uma coisa é ter ligação física, partilhar corpo, abraços apertados e fluidos. Outra completamente diferente, são os teus dias, as tuas rotinas, as famílias complicadas e por vezes disfuncionais: O tio Joaquim que não se dá com a tua mãe. O teu pai que tem a mania de olhar de lado para as tuas conquistas. O filho que depende demasiado de ti para tudo. No fundo é a vida como a conheces. Essa é a parte que mais necessita de ser trabalhada, o confiar no outro para te confiares a ti mesma, oferecendo-te de forma natural e sem máscaras.
As relações progridem, galgam etapas, conhecem alturas mais introspectivas, põem de lado um pouco as sensações, as emoções e partem para o real. Como é que o outro se vai identificar com tudo isto, ou não, é a questão mais premente!
Se definirmos fases. Se formos mais racionais, descrevendo e analisando o que nos pode juntar para sempre ou afastar irremediavelmente, teremos mais umas quantas chances de chegar lá. Digo eu que não sei quase nada
Estou algo curiosa comigo mesma para perceber se vou conseguir voltar a confiar, a ceder, a amar sem reservas e a ser sempre eu em todas os momentos. Estou igualmente curiosa com a forma como me incluirás e se irás deixar-me ter-te por inteiro, sendo a pessoa que avançará contigo, porque crescer já o teremos supostamente feito.
Esta vida mostra-nos, a cada dia, que podemos ser sempre
surpreendidos pela positiva. Incrível, como quase do nada, alguém nos estende a
mão, oferece um sorriso, abana os ombros e nos recorda que é possível, que vale
a pena e que pode ser bom.Surpreendenteperceber que do nada, ou talvez do que
estaríamos a precisar, reaparece quem parecia estar apenas à espera, na
rectaguarda, vigiando o nosso sonho, aquele que decidimos trazer para a
realidade.Surpreendentea falta de atenção que devotamos a
alguns e que nos poderia custar o resto da nossa vida.SurpreendentecomoTUDOpode mudar, bastando que deixemos de
olhar sempre para o mesmo lado.
Adoroesta sensação de continuidade, de poder
prosseguir, de estar a chegar a algum lado, deixa-me agradavelmente irrequieta,
pronta para o que começou a mover-se de forma segura outra vez.Adoroperceber que afinal existem
alternativas ao desamor e que algures, em qualquer canto da nossa vida, estará
quem nunca deixou de estar.Adoroque me digam o que já ouvi, mas que me
soe a novo, a genuíno, sem esforço.Adoroque me queiram e sejam capazes de o
dizer, sem o medo que alguns terão, até depois de o terem demonstrado e depois
de já o ter repetido eu.
Surpreendente,que tenha entendido a razão pela qual uso
as palavras e como elas também poderão vir de outros lábios. Se é de uma
oportunidade que precisas, eu até estou disposta a dar, mas é bom que saibas o
quanto me torneiAINDAmais exigente e determinada. Se não
estiveres à altura, sai já e impede-me de perder um segundo mais que seja, a
minha vida passou a ser bem mais importante do que era antes!
Se pudessevoltava ao momento em que me sentia só, confusa, dorida, amarga e sofrida, mas voltava só para poder sentir alguma coisa. Se pudesse voltar aos momentos em que me importava, de alguma forma, com alguém, comigo, com os meus sentimentos que cavalgavam qual cavalo selvagem, mas que me mantinham à espera de alguma coisa, à espera de que os dias nascessem e fossem o mais longos possível para te incluir e para saber de ti, voltava. Se pudesse voltava atrás no tempo e arrancava de mim a frieza que se instalou. Os medos foram-se, mas ficou o pior de mim. Ficou a mulher que dificilmente voltará a sorrir, sem razão aparente. Ficou a mulher que deixou de acreditar, e de querer que alguém se instale, e a mude.
Quando tudo parece acertar-se e fazer sentido, é possível que nos levem a querer outros lugares, a imaginar cores diferentes, ouvindo músicas novas, dançando juntos, sentindo juntos e estando verdadeiramente juntos. Quando tudo parece acertar-se, o melhor de nós procura melhorar-se, dar o que tem e o que ainda arranjará forma de incluir, ganhando poderes e forças que pareciam ter-nos abandonado há muito. Quando tudo parece acertar-se, nós, invariavelmente, acordamos renovados, sem dores, ou a sentir que as nossas podem diminuir, bastando uma voz, aquela.
Por vezes ainda dou comigo a sonhar, com o que tinha, com o que era, acabando a sentir saudades, e a querer voltar. Por vezes apenas vagueio, como se nada tivesse acontecido e como se apenas tivesse saído do pesadelo, que me roubou metade da noite. Por vezes percebo que ao acordar desfiz o que agora me impede de sentir.
Voltar se pudesse até que voltava, só para poder inspirar o que me iria devolver o que já me pertencia, eu mesma!
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.