Já te amei muito, demasiado e erradamente por achar que me pertencias. Já tive dias em que os meus dias apenas contavam se estivesses, se me tocasses e se me incluísses. Foi de forma errada que esperei de ti o que não podia, porque somos seres distintos, com realidades que não se cruzam. Foi a transferir-te o que me faltava, que te enchi de um desejo que era tão apenas meu. Foi com a convicção de que eu era quem precisavas para sobreviver, que quase te sufoquei. Amar demais é tão apenas isso, DEMAIS!
A minha felicidade não pode depender de ti. O meu bem-estar interior não é tarefa tua. A concretização de cada um dos meus sonhos cabe-me a mim, apenas e só, por isso foi de forma errada que te aceitei e que continuei, erradamente, à espera que resolvesses, como que por magia, as minhas carências e o meu desejo de colo. O que precisar terá que vir de mim, porque assim nunca de te poderei cobrar. Por vezes é apenas da forma errada que amamos quem chegou para nos amar, porque o para sempre só o será quando precisarmos ambos.
Libertei-me e deixei-te ir. Regressei à minha vibração e repus a tua. Resolvi-me e passei ao patamar seguinte, já não estás nesse porque não terias como e porque passei a amar-me muito mais do que serias capaz.
Foi da forma errada que julguei seres o homem da minha vida, mas percebi, a tempo, que da minha vida só será quem nela puder permanecer. Começámos e terminámos de forma errada, mas quem eu sou emergiu e fechou o que ambos saberemos manter fechado!
Quando chegas ao final, quando te dizem que terminou e que não és tu, o que sentes? Para quem transferes os sentimentos? A quem culpas pelo que falhaste ver? Como voltas a ser a pessoa de antes, a que ainda confiava? Não voltas. Os percursos começam e terminam onde era suposto, e quando acreditas que existe algo ou alguém que te protege, entendes que o que quer que venha a acontecer, só poderia ter sido dessa maneira. Mas será que ajuda ou ameniza? Não, nem poderia, sobretudo para quem sabe que só espera que lhe façam o que fizer, que só quer que ofereçam o que tiver oferecido e que não precisa que jurem o que não forem capazes de cumprir.
A quem vais dizer que estás tão dorida por dentro que sentes que jamais voltarás a ceder? A quem e com quem poderás chorar mostrando que tens fragilidades e que precisas de colo, como todos os outros mortais? A quem convencerás que também queres que te oiçam e que te vejam como uma mulher que nem sempre acerta e vence? A quem conseguirás provar que simplesmente não consegues pôr os pés no chão e que "hoje", pelo menos "hoje", não vais ser a que tem força e a que consegue e faz acontecer?
Finalmente acabas a perceber que se tens que ser forte então irás sê-lo, de modo a que mais ninguém te volte a enfraquecer e a deixar envergonhada contigo. O que te fizer mal, o que te desgastar a alma, o que te der demasiado trabalho, fazendo o amor parecer uma obrigação, nunca te deveria ter levado mais longe do que UM dia, aquele em que toda tu soubeste que simplesmente não eras tu.
Não vais poder transferir os sentimentos para ninguém, terás que ser tu a diluir cada um, porque foste tu que escolheste receber o que não te pertencia. O que nos une é a mesma energia, dois seres entrelaçam-se porque estão no mesmo nível energético, mas à medida que a relação avança, nem sempre evoluem da mesma forma e podem, isto é o mais comum, desnivelar-se.
Quanto mais te conheceres e te sentires próxima do teu EU espiritual, mais depressa entendes, aceitas e avanças. Nenhum dia consegue ser igual ao outro. Nenhum ser que te chega, consegue a consistência necessária para nunca ser questionado. Nenhum amor dura mais do que era suposto acontecer, para te permitir crescer e evoluir. Nenhum desamor é tão grande, que mereça o teu desalento ou descrédito, porque o que for teu, contigo ficará, para sempre. Acredita e prossegue!
Os milagres acontecem! Todos os dias, a todas as horas, as situações mais inesperadas, nos lugares mais inóspitos, com gente comum, e até com os mais incomuns, porque a vida não pára, e porque o sonho é uma constante, os milagres só têm mesmo que acontecer.
Cada milagre carrega uma fórmula própria, e o que para uns é banal, para outros é um feito histórico, um sopro dos Deuses, por isso nunca poderão ser catalogados, ou a serem, farão uma enorme lista. Eu já recebi alguns, e a cada dia, reconheço mais uns quantos. Sei que me chegam porque estou mais atenta, menos arrogante, mais benevolente. Não é fácil, mas tem sido um processo de descobertas.
Aos 28 tive o meu primeiro milagre, depois mais 2 bem embrulhadinhos, que me testam os limites a cada minuto, mas que fazem de mim alguém mais estruturado, uma guerreira de arma em punho, pronta para cada eventualidade, numa mistura intempestiva de serenidade e de irreverência. Estes serão os milagres que vieram para ficar e dos quais cuidarei até que cuidar de mim deixe de ser possível, mas tenho mais...
Tenho milagres internos e externos, amores que me mudaram tanto, que nem eu acreditava ser possível, daí o serem identificados assim.
Tenho um milagre de cada vez que reaprendo a amar e que experimento sensações que nem eu consigo por, totalmente, em palavras.
Os milagres são cada uma das pessoas que entram no meu círculo de amigos e que me vêm ensinar algo de novo. Os milagres são a minha capacidade de continuar a criar e a desejar que as minhas palavras "batam" da forma certa. Os milagres são todos os nascimentos, até os emocionais, porque a cada dia poderemos ser mais e melhores. Os milagres vão continuar a conhecer, uns explicáveis e outros nem por isso, mas o que importa é que venham e que nos renovam a esperança, em nós e no mundo!
Tatuagens mentais! Somos marcados, cada um de nós, a ferro frio mal nos entendemos por gente. Colocam-nos ideias e ideais, dizem-nos o que está certo e errado e nós simplesmente aceitamos!
Comigo foi assim e talvez ainda o seja, de alguma forma, sobre algumas coisas, mas já me vou rebelando e percebendo que o certo só pode ser o que me faz bem e o errado é o que me arrepia a pele, o que me impede de dormir e é tudo o que me afasta de mim.
São muitos séculos, milhares de seres, milhões de palavras a correrem no mesmo sentido, a fazerem-nos acreditar que o lado que nos indicam é o mais certo e é o que nos trará a dor necessária, para aprendermos, como se sofrer fosse uma inevitabilidade. Nós somos muito mais do que nos dão e aquilo em que nos tentam transformar. Nós somos fruto de um cocktail de emoções, de passados, de imagens e de sons, uns mais mexidos e vivos do que outros, mas bebe-lo, será sempre e só escolha nossa.
Alguém terá tentado, digo agora que em vão, tatuar-me na testa, a céu aberto, as coordenadas da minha vida, mas eu rebelei-me, reajustei-as e encetei uma viagem nova. Só tem como correr bem, afinal de contas agora já sou eu em cada movimento e estou a adorar!
Já aí estive! Sei ao que te referes e o que sentes. Sei os medos que te impelem para o lado oposto daquele onde, muito provavelmente, estarias bem melhor, em paz, tu de novo, mas que falhas em ver!
Eu, que até sou pequenina, recuso-me a ser a que tem sempre força, apenas a amiga e a que cura. Quero e exijo encontrar quem me encontre, ter o que dou e receber de igual forma.
Sei que estou na tua cabeça, que procuras, desesperadamente, uma forma de me incluir, de soltar os pesos que te prendem a uma vida que não te completa. Eu até sei, uma vez mais, que se me esforçar, acabarás a ser meu, mas deixei de te querer "empurrar" para o abismo, mesmo que saiba que não morrerias do salto.
Caramba, tenho imensas qualidades, mas esta, a de ter que provar que sou eu, que comigo seria melhor, sempre, essa capacidade não tenho e recuso-me a ser menos, a estar um degrau abaixo, a munir uma outra pessoa das armas que precisa para me poder ver realmente.
Sei, já aí estive, já soube de quem também tentou, mas que falhou, recuou, voltou ao mal que conhecia e desistiu do bem que teria, mas foi apenas porque me recusei a dar mais um passo, o que te faltava...
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.