O que me inspirapara além do amor? Tudo o resto. Pequenos motes que alguns deixam cair, aparentemente nada importantes, sons, imagens, desejos, uns mais escondidos do que outros, dores de alma e não apenas os meus. Desde que me levanto, nas manhãs que antecipam dias duros e de muitas tarefas, que tenho sempre imensa gente para cuidar e amores para distribuir. Vou sendo sempre capaz de apanhar cada pedaço que sobra e que nunca deixo cair, alimentando-me de tudo com que alimento os outros, inspirada no que me inspira porque não sei estar quieta, nem parada, nem sem alma. As músicas que tocam a cada começo de dia, movimentadas para me animar e lentas para que me sossegue, operam milagres e soltam-me como ainda mais ninguém foi capaz de fazer. Inspiro-me em mim, em ti, no amor que tivemos, no que deixámos perder e no que acredito que ainda consiga sobreviver. Inspiro-me em todos quantos dizem sentir-se representados, tocados por cada sílaba, identificando-se com o que tantas vezes "falo" mesmo que a chorar, mas que acabo a trocar por sorrisos que me ajudam a continuar.
O que me inspira manter-me-à aqui, sem que me demova de prosseguir com o que sei fazer bem e me dá a perspectiva certa da vida, a que vale a pena e me tem mudado para melhor, quando e de cada vez que falharem os outros!
Achas que adianta fazer com que os outros entendam que estão errados e que estiveram mal quando eles próprios não o conseguem ver? NÃO mesmo! Malhar em ferro frio nunca surtiu qualquer efeito, por isso o melhor é desistir e dar-lhes razão, fazendo o que se faz às crianças, acenando com a cabeça numa concordância discordante. As energias começam a escassear com a idade, por isso preservem-nas. Achas que adianta tentar mostrar que não se faz o que não se gostaria que nos fizessem, a quem nunca sentiu na pele o efeito do seu "veneno"? NÃO, mesmo. Teremos que esperar que provem o fel, que se lhes afecte a bílis e que vomitem dores que não se conseguem ver como se sentem. Só assim!
Os donos da verdade, os crentes num Deus maior, mas que tem o nome que lhe quiseram dar e que mais ninguém conhece. Os "doentes", de uma doença que lhes mina cada pedaço de orgão, funcionam qual relógio que nunca se atrasa, mas que tem uma hora que não serve a ninguém.
Odeio ter que me repetir. Odeio ter que fazer desenhos e que explicar o que para muitos nunca fará sentido. Mas porque não sou egocêntrica e não espero que o mundo gire à minha volta, deixo-os com as suas convicções e vou logo ali tornar-me útil, fazendo o que importa para mim. Já sei que com certas pessoas não adianta, nem sequer usar o dedo grande para lhes fazer gestos que às tantas ainda vão acabar a confundir, sei lá eu...
Não gosto da sensação que te passo sem querer, de desconforto e de insegurança. Quero que me sintas inteira para ti e contigo e que consigas nunca duvidar do que me trás dentro. Se é contigo, então estou a 100, ou a 1000, não misturo; não procuro; não me aventuro; não tenho lugar para mais ninguém e não preciso de mais ninguém. Os nossos meses parecem anos já a tua firmeza em relação a mim conquistou-me, revelou-te, deu-me certezas e vontade de te saber. És diferente do comum, és muito TU, com a garra que preciso, com vontades e desejos que me deixam ainda desconcertada, mas que surtem efeito e me deixam cada dia mais segura do que és para mim.
Magoei-te sem qualquer intenção, aprofundei os teus receios e acabei mal comigo, dorida por dentro a não conseguir processar. Se estiveres mal eu estarei bem pior, a minha tranquilidade passa pela tua e não quero dar-te o que recuso receber. Ontem percebi o quanto gosto afinal de ti e como consigo, dia-a-dia, que o meu sentimento cresça e acabe a chegar até onde estão já os teus, bem definidos desde que me olhaste, desde que me viste e acabaste a sentir. Pedi desculpa, chorei por dentro, acabei a magoar-me a dobrar e decidi que não voltarei a repetir, nunca mais deixarei de te informar como acordámos. Quando souber, saberás tu e juntos diluiremos os danos, porque já importas demasiado para que me descuide.
Quem o consegue? Quem sabe o que espera da vida e dos outros, quem se conhece o bastante, para não abdicar de alguns valores e do muito que conseguiu conquistar.
Vão sempre existir pessoas que apenas existem para nos perturbar, que chegam porque nada lhes corre como planearam, por incoerência ou por falta de carácter, essa análise já não me cabe a mim, mas o certo é que mesmo fazendo número, apenas têm a importância que lhe dermos.
Não precisas de voltar. Não tens que te cansar a "gritar-me" as tuas frustrações, porque eu não quero saber do que sabes tu. Não me importa o teu percurso, os teus amores, ou a incapacidade em os manteres, o que me importa, verdadeiramente, é que percebas que não conheces nenhuma mulher igual a mim e esse prazer, lamento, nunca o terás.
Não esperes demasiada emoção da minha parte, porque a que tenho cabe apenas nuns quantos, nos que escolho porque sei com quem falo. Não esperes que te dê o que sozinha pareces não conseguir, ou que me afaste para que passes. Não esperes ter de mim simpatia ou apoio, porque não estamos,nem sequer em lados opostos, os nossos lados não têm forma de se tocar, somos de mundos diferentes. Não esperes solidariedade feminina, conheço as mulheres de M grande e desse grupo não fazes parte.
Quando e de cada vez que permites que o teu excesso de emoção se sobreponha à razão, vais apenas arranjar forma de te magoares, mais um pouco. Se queres um conselho, um que seja realmente válido e gratuito, posso-te dizer que o amor não se pedincha, não se impõe, nem se negoceia. Ou acontece, ou simplesmente não.
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Existem várias formas de prisão e por norma as emocionais são as mais complexas. Perdoar é um processo mais simples do que podes imaginar, porque quando perdoas, aceitas que não podes controlar tudo, sobretudo a vontade dos outros. Perdoar é poder continuar, de forma mais tranquila e a conseguir retomar rotinas. Perdoar é a melhor e maior forma de amor, porque só perdoas quem foi importante.
Sou das felizardas, das que não odeia ninguém porque nem sei como se faz. Por vezes zango-me, claro, mas como nunca deixo nada por dizer, acabo a fazer as pazes comigo e com os que me deixaram na mão, recusando-me o que até poderiam dar se quisessem.
Já me decepcionei. Já me surpreendi e já fui apanhada, de surpresa no meio das muitas surpresas que alguma falta de carácter provoca, mas NUNCA, em nenhum momento, tive intenção de odiar, não perdoando o que até se torna perdoável, bastando que passe a desejar outra pessoa.
Nada do que queremos MUITO hoje, é totalmente impossível de se deixar de querer amanhã. Se nos sentirmos presos, amarrados a quem não nos consegue provar o que sente. Se não tivermos retorno nos sentimentos e nas emoções que não temos receio de dar, podemos simplesmente desistir e parar de lutar.
De cada vez que te impedes de perdoar, agarrando-te ao passado que te magoou, tornas-te tu o prisioneiro e ficas amarrado de forma invisível a quem nada fez por te merecer. De cada vez que te impedes de perdoar, colando-te a um momento, a algumas palavras e à falta de cuidado de quem afinal nunca te cuidou, acabas a apertar mais as grilhetas e a deitar fora a chave.
Perdoa, porque perdoar é tão natural quanto amar e acredita que os benefícios a longo prazo compensarão!
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.